Caderno de Música celebra o bicentenário de Anton Bruckner

O programa deste domingo (8) homenageia o compositor austríaco Anton Bruckner.

Anton Bruckner nasceu em 4 de setembro de 1824, na pequena vila de Ansfelden, na Áustria. Desde cedo, a música fazia parte de seu cotidiano, graças ao pai, que era professor e organista na igreja local. Aos quatro anos, Bruckner já demonstrava uma habilidade extraordinária para o piano, e, ainda criança, começou a estudar órgão e teoria musical. Aos 13 anos, após a morte do pai, Bruckner foi enviado para o monastério de São Floriano, onde a música sacra desempenhava um papel central. Lá, ele foi exposto ao canto gregoriano e à música polifônica, influências que se tornariam fundamentais em sua obra. Seus estudos formais continuaram em Linz e, mais tarde, em Viena, onde teve contato com o ensino de Simon Sechter, um renomado teórico musical, que aprofundou o conhecimento de Bruckner em contraponto e fuga.

Nos primeiros anos de sua carreira, Bruckner compôs peças menores, como missas e motetos, que já revelavam seu talento singular para a música sacra. Suas primeiras sinfonias começaram a tomar forma a partir da década de 1860, quando se sentiu mais confiante em seu domínio técnico e expressivo. Na década de 1870, Bruckner atingiu uma fase mais madura de sua carreira, com a composição de sinfonias que desafiavam as convenções da época. Suas obras começaram a ganhar notoriedade, embora inicialmente tenham sido recebidas com certo ceticismo pela crítica vienense, que as considerava longas e complexas demais. Isso não impediu Bruckner de continuar, determinado a seguir sua visão artística.

O estilo de Bruckner é frequentemente associado ao Romantismo tardio, caracterizado por uma expressividade intensa e uma arquitetura musical grandiosa. Sua música sinfônica é marcada pela originalidade na orquestração (que muitas vezes se assemelha a uma partitura para órgão), além de sua maestria na escrita polifônica e os vastos desenvolvimentos temáticos. Além das sinfonias, Bruckner continuou a compor música sacra, incluindo obras-primas como o "Te Deum" e a "Missa nº 3".

Embora Bruckner fosse um homem simples e profundamente religioso, sua música era de uma complexidade e profundidade que ecoavam as grandes questões existenciais. Mesmo enfrentando dificuldades em ser plenamente compreendido em vida, ele recebeu apoio de notáveis figuras, como o maestro Hans Richter e o compositor Gustav Mahler.

Anton Bruckner faleceu em 11 de outubro de 1896, em Viena, deixando um legado que só seria verdadeiramente reconhecido em todo o seu valor no século XX. Sua produção musical inclui obras para diferentes formações, com destaque para as suas nove sinfonias completas, sendo a última inacabada, além de uma vasta obra sacra que permanece entre as mais importantes do repertório coral.

Saiba mais no Música e Músicos do Brasil. Domingo, às 14h30, na Rádio MEC.