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Especial 150 anos de nascimento de Charles Ives

Confira no programa um pouco da vida e obra de Charles Ives, um dos compositores mais inovadores da música clássica norte-americana

Caderno de Música

No AR em 20/10/2024 - 14:30

O Caderno de Música deste domingo (20), na série “Biografias”, homenageia o compositor norte-americano Charles Ives, em celebração aos 150 anos de seu nascimento.

Charles Ives nasceu em 20 de outubro de 1874, em Danbury, Connecticut, nos Estados Unidos, em uma família onde a música ocupava um lugar central. Seu pai, George Ives, foi músico e líder de banda militar, coros e orquestras. Isso fez com que Charles Ives, desde cedo, fosse exposto a essas vários tipos de experimentações sonoras, o que influenciaria profundamente seu estilo composicional.

Ives estudou na Yale University, onde teve aulas não só de música, mas também de diferentes cursos, como grego, latim, literatura e matemática. Embora seu mentor e professor de composição, Horatio Parker, preferisse métodos e harmonias tradicionais, Ives desenvolveu um estilo único, que combinava música popular americana com influências da música clássica europeia.

Após concluir os estudos em 1898, Ives decidiu não seguir a carreira de músico profissional, preferindo trabalhar na área de seguros para manter sua liberdade criativa. Fundou, então, a bem-sucedida firma Ives & Myrick, criada com sua esposa Julian Myrick, que lhe permitiu compor sem a pressão comercial, resultando em obras como a Sinfonia nº 4 e a Concord Sonata, repletas de complexidade harmônica, atonalidade e polirritmia.

Na virada do século XX, o estilo de Ives passou a refletir de maneira ainda mais profunda a paisagem cultural dos Estados Unidos. Inspirado por hinos, marchas e canções populares, ele criou uma música que evocava o som das pequenas cidades e das celebrações patrióticas americanas.

Suas composições combinam simultaneamente vários tons, ritmos e melodias, refletindo a riqueza da vida musical americana, desde hinos e canções populares até complexas referências à música europeia. Esse estilo experimental é uma marca registrada de Ives, que buscava retratar a diversidade sonora de sua época.

Um exemplo interessante dessa abordagem é "The Unanswered Question", composta em 1908, na qual Ives usa uma combinação de flauta, cordas e trompete para explorar o tema da busca por respostas sobre o mistério da existência. Esta obra reflete a filosofia transcendentalista que ele absorveu de escritores como Ralph Waldo Emerson e Henry David Thoreau.

Embora a música de Ives tenha sido considerada radical em sua época, foi apenas nos anos 1920 e 1930 que ele começou a ser amplamente reconhecido. Ele ganhou o Prêmio Pulitzer em 1947, aos 73 anos, pela "Sinfonia nº 3", “The Camp Meeting”. Apesar de nunca ter buscado reconhecimento, Ives se tornou uma figura central no desenvolvimento de uma identidade musical americana. Suas inovações influenciaram compositores como Aaron Copland e Leonard Bernstein, ajudando a moldar o futuro da música clássica nos Estados Unidos.

Além de suas sinfonias, Ives compôs uma variedade de obras para piano, canções e peças orquestrais. "A Concord Sonata", sua sonata para piano em quatro movimentos, é uma de suas obras mais desafiadoras, sendo uma homenagem a Emerson, Thoreau e outros grandes pensadores norte-americanos.

Ives é lembrado por seu espírito inventivo e pela liberdade com que abordou a composição, deixando um legado que continua a desafiar e inspirar. Ele foi um dos primeiros compositores norte-americanos de renome internacional, e sua obra permanece como um testemunho da diversidade cultural e musical dos Estados Unidos.

Saiba mais no Caderno de Música. Domingo, às 14h30, na Rádio MEC.

Criado em 17/10/2024 - 11:16 - Episódio Caderno de Música 20/10/24 - Charles Ives

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