O Nacional Jovem conversou com o escritor de mais de 40 obras literárias relacionadas à cultura indígena, Daniel Munduruku. Ele nasceu e foi criado no Pará, na Aldeia Munduruku. Atualmente mora em São Paulo, onde se formou e exerce a profissão de professor. Conta ele, que foi a partir do contato com a sala de aula que começou a propagar a cultura do seu povo, por meio de narrativas de mitos tradicionais. Até que a rotina o levou para a literatura e a partir daí deu início as suas obras com a temática indígena.
Com a prática, Daniel percebeu que as histórias que contava em sala de aula nunca tinham sido escritas. Foi então, que se propôs a formalizar o que ele apenas difundia por meio da oralidade. Daí surgiu as suas obras literárias, em que as pessoas têm a oportunidade de conhecer melhor sobre as sociedades indígenas que compõem o Brasil.
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O escritor também ressalta a importância da cultura indígena no país. E salienta a relevância deste tipo de literatura para a nossa formação: "há uma demanda e uma necessidade para que a gente produza mais livros com essa temática”, enfatiza.
Para o autor, há um outro fator que considera fundamental para a propagação dessas obras, ele avalia que é preciso corrigir a forma equivocada que a história sobre os povos indígenas é contada no Brasil. "Os indígenas são sempre colocados em posições inferiores, como se não fizessem parte da história Brasileira, destaca o entrevistado.
Daniel relata ainda que a sua intenção ao escrever seus livros, por meio de uma linguagem infanto-juvenil, é esclarecer aos mais jovens o lado desconhecido da história. Pois para ele, só assim o Brasil poderá construir efetivamente a sua verdadeira identidade.
Sobre a lei 11.645/2008, que regulamentou a obrigatoriedade de as escolas de ensino fundamental e médio do Brasil trabalharem a temática indígena, o autor ressaltou que a lei foi uma conquista do movimento social brasileiro indígena. Para ele, a lei é fundamental para que os alunos adquiram um olhar diferente sobre as etnias indígenas, e percebam que a história do país é composta de heróis e anti-heróis.
A íntegra da entrevista está disponível no player acima.
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