A violência contra povos indígenas aumentou. Essa é a conclusão das análises feitas pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) sobre dados coletados no ano de 2016. As informações estão no Relatório “Violência Contra Povos Indígenas do Brasil” divulgado nesta quinta-feira (5).
De acordo com o relatório, os homicídios aumentaram de 54 em 2015 para 56 no ano seguinte. Em relação ao suicídio, em 2016 foram 106 casos, 19 a mais que no ano anterior, com crescimento significativo na região do Alto Solimões. Já sobre a mortalidade infantil, os dados são mais alarmantes: foram 136 casos a mais, passando de 599 para 735 mortes de crianças de zero a cinco anos, sendo grande parte dos casos verificados no povo yanomami.
Para um dos organizadores do estudo, Roberto Liebgott, os dados são consequência de posturas adotadas em diferentes governos: "Nós caracterizamos a política anterior como uma política de omissão do poder público, o governo não foi propositivo em ações e serviços no sentido de assegurar aos povos indígenas a demarcação das terras e políticas públicas adequadas ao modo de ser de cada povo. Com a mudança de governo, nós percebemos uma outra perspectiva em termos de política. O governo se torna propositivo em ações e propostas que visam a restrição dos direitos constitucionais já assegurados", segundo Liebgott.
" Impunidade, falta de justiça, um desrespeito à vida, ao ser humano. Nós não queremos além do que nós já temos", concluiu.
O caderno aponta quatro categorias de violências: Contra o patrimônio, contra a pessoa, por omissão do poder público e contra populações em isolamento voluntário.
Ao observar os dados apontados pelo Cimi, a indígena Irani Barbosa, do povo Macuxi da Terra Raposa Serra do Sol, ressalta o sentimento de desrespeito contra os índios.
Também podem ser verificadas numa plataforma chamada Cartografia de Ataques Contra Indígenas (Caci), no endereço caci.cimi.org.br