O deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) chegou a Brasília, depois de duas noites na cela de 12 m² da Polícia Federal em São Paulo. Maluf seguiu para o presídio da Papuda. Antes, ele passou por uma perícia no Instituto Médico-Legal do Distrito Federal.
O exame foi feito a pedido da juíza Leila Cury, da Vara de Execuções Penais. O procedimento vai ser usado para avaliar o pedido da defesa do deputado que quer prisão domiciliar de Maluf, em função da idade e das condições de saúde.
Segundo os advogados, Maluf tem um câncer de próstata, problemas cardíacos e hérnia de disco.
Na Papuda, Paulo Maluf deve ficar no bloco 5, ala B do presídio, o chamado bloco dos vulneráveis que é destinado aos idosos. Nessa mesma ala estão presos outros dois políticos: Gedel Vieira Lima e Luiz Estevão.
Paulo Maluf, ou Doutor Paulo, como gosta de ser chamado, entrou para a política ainda na década de 60, quando se filiou à Arena, Aliança Renovadora Nacional, partido que apoiava a ditadura militar.
Foi pela Arena que ele foi indicado pelos militares a prefeito biônico de São Paulo, em 1969. Foi também por indicação que ele assumiu o governo paulista, dez anos mais tarde. Em 1993, voltou a comandar a cidade, dessa vez, como prefeito eleito.
Foi ocupando cargos do poder executivo que Maluf construiu a marca das grandes obras, geralmente com alto custo e pouca transparência.
Foi justamente o desvio de recursos de uma dessas obras, a Avenida Água Espraiada, hoje avenida Roberto Marinho, na zona sul de São Paulo, que acabou levando o deputado à prisão.
Mas, antes de ser condenado no Brasil, o nome do político já estava entre os procurados da Interpol, a Organização Internacional de Polícia Criminal, desde 2010 e em 2015 ele foi condenado na França a três anos de prisão.
Não foi por acaso que o bordão "Rouba mas faz", do também paulista Ademar de Barros, ficou tão associado a Paulo Maluf. A frase, que nunca foi dita por Maluf, até hoje é atribuída a ele. Mas, outras frases ficaram famosas. Defendeu a truculência policial como política de segurança pública e vivia repetindo o slogan "Vou por a Rota na rua" quando candidato ao governo de São Paulo em 1998. A Rota, Rondas Ostensivas Tobias Aguiar, é uma espécie de tropa de elite da polícia paulistana conhecida pela letalidade.
Mas a frase mais polêmica do político foi o "Estupra, mas não mata" ao falar sobre violência contra mulheres em uma palestra para estudantes de medicina em 1989.
Nos últimos anos, no auge das revelações da Operação Lava Jato, Paulo Maluf chegou a se vangloriar por não ter o próprio nome nas listas de pagamento de propina da Odebrecht.