Novembro de 1974. Em plena ditadura militar, uma comunidade negra de Salvador, na Bahia, criava o primeiro bloco afro da cidade, inspirado na cultura e religiosidade africana. Movido pelos ideais de Zumbi, Dandara e Mandela, nascia o Ilê Ayê.
Quem lembra as quatro décadas de história do Ilê Ayê é um dos seus fundadores: Antônio Carlos dos Santos, mais conhecido como Vovô do Ilê. Ele se orgulha do que o bloco faz no carnaval e em todos os dias do ano. A comunidade prioriza a formação cultural de crianças e adolescentes.
Ainda em São Paulo, há mais de uma década, as mulheres e meninas do Ilú Obá Di Min abrem a sexta de carnaval com tambores e muito axé no centro da cidade. Este ano, elas reverenciam as mulheres quilombolas. Diretora do bloco, Elisabeth Belisário espera fortalecer a identidade de meninas negras.
No Distrito Federal, o Afoxé Ogum Pá também dialoga com a religiosidade africana para colocar o bloco na rua. Criado pela mãe Dora Ti Oyá, ele surge no contexto do terreiro e de um projeto que desde 2014 trabalha a musicalização de crianças do Jardim ABC, na Cidade Ocidental, município goiano no entorno do DF.
No Rio de Janeiro, há três décadas, o bloco Lemi Aiyó também rima carnaval com educação de crianças e adolescentes.
A nova geração dos blocos afros já chegou à diretoria de um dos grupos mais importantes da Amazônia: o bloco afro Akomabu, em São Luís. Criado há três décadas, ele tem como base o Centro de Cultura Negra do Maranhão, onde acontecem oficinas e ensaios. O tema do bloco em 2018 é combate ao genocídio da juventude negra. Uma sugestão do diretor José Ricardo de Souza Galvão, o Cadu, de apenas 21 anos.
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