Documento da CIA, Agência de Inteligência dos Estados Unidos, revela que pelo menos dois presidentes brasileiros da ditadura militar ordenaram a “execução sumária”, imediata, de opositores ao regime. O relatório foi tornado público e está disponível no site oficial do Departamento de Estado norte americano.
No documento é relatada uma reunião entre o então presidente recém-empossado general Ernesto Geisel e o chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), João Baptista Figueiredo, que sucedeu Geisel na presidência. Também participaram os generais Milton Tavares de Souza e Confúcio Danton de Paula Avelino, respectivamente o ex-chefe e o então chefe do Centro de Inteligência do Exército (CIE).
A reunião ocorreu no dia 30 de março de 1974. Segundo o documento, o general Milton contou que cerca de 104 opositores foram executados durante um ano, na presidência do general Garrastazu Médici. Figueiredo defendeu a continuidade dos assassinatos. Em nova reunião, no dia primeiro de abril, Geisel determinou ao general Figueiredo que as execuções continuassem, e que a ordem de matar um preso deveria ser dada pelo próprio Figueiredo.
O relatório foi enviado em abril de 1974 pelo ex-diretor da CIA William Egan Colbim ao então secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger. O documento estava disponível na internet desde 2015, mas foi descoberto agora pelo professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas Matias Spektor e divulgado nesta quinta-feira (10).
Para Matias Spektor, o relatório reafirma a necessidade da abertura dos arquivos da ditadura que ainda estão inacessíveis aos pesquisadores.
O Ministério da Defesa respondeu por meio de nota do Exército Brasileiro que foram destruídos os documentos sigilosos referentes ao período do relatório e que poderiam comprovar se os fatos narrados são verdadeiros. A destruição, segundo a nota, ocorreu de acordo com as normas existentes à época.
Ouça também no Repórter Nacional:
- Jungmann afirma que investigação sobre assassinato de Marielle está chegando ao fim
- Supremo decide que ações de improbidade não têm foro especial na Corte
- Pedido de vista suspende primeiro questionamento sobre Reforma Trabalhista