O Dia da Mulher Afro Latino-Americana e Caribenha, lembrado nesta quarta-feira (25), foi criada há 26 anos por uma rede de mulheres afrolatinas, durante reunião na República Dominicana. A coordenadora geral da rede, Dorotea Wilson, da Nicarágua, acredita que os governos da região precisam intensificar a implementação de políticas públicas voltadas para as mulheres negras. “A nível de América Latina e Caribe, as mulheres têm avançado muito em alguns aspectos. Mas ainda falta muito o que fazer. Concretamente, em meu país, estamos dizendo que não temos o que celebrar porque tem muita violência, discriminação, mortes e feminicídio”, acredita.
A população afrodescendente da América Latina e Caribe soma quase 130 milhões de pessoas, de acordo com dados de censos realizados até 2015.
A diretora regional da ONU Mulheres para Américas e Caribe, Luiza Carvalho, considera que governos de países como Bolívia, Uruguai e Colômbia ficaram mais sensíveis às demandas das mulheres negras nos últimos anos. Com relação ao Brasil, ela destaca que o país precisa investir de forma mais significativa nas políticas para essa parcela da população. “O Brasil tem que resgatar um movimento que vinha sendo feito com muita intensidade e ficar certo que, independente de quem seja o governo de plantão, o governo de turno, nós temos que avançar com essa agenda”, afirma.
Pesquisa recente divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que nos últimos 10 anos a taxa de homicídios de mulheres negras no Brasil aumentou em média 15%, enquanto entre mulheres não negras esse mesmo índice caiu 8%. Em Roraima, o aumento dos homicídios de mulheres negras chegou a 214%. No Amazonas e Rio Grande do Norte, a elevação foi superior a 100%.
No Brasil, em 2014, o dia 25 de julho foi declarado como Dia Nacional da Mulher Negra a partir da data regional e em homenagem à líder quilombola Teresa de Benguela, que viveu em Mato Grosso e lutou contra a escravidão no século XVII. Este mês, o Rio de Janeiro instituiu o dia 14 de março como Dia de Luta contra o Genocídio da Mulher Negra. Há quatro meses, nesta data, a vereadora negra Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram assassinados. O crime segue sob investigação.
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