A Embraer, a fábrica de aviões com sede em São José do Campos, no interior de São Paulo, anunciou nessa quinta-feira a demissão direta de 900 funcionários. A notícia chegou um dia depois de terminado o Plano de Demissão Voluntária (PDV), em que outros 1,6 mil funcionários deixaram a empresa. Com isso, ao todo, 2,5 mil pessoas ficaram sem emprego. O número corresponde a cerca de 15% da força de trabalho da Embraer.
Em nota, a empresa alegou que a decisão de demitir foi em função da crise no setor aéreo provocada pela pandemia do novo coronavírus e pelo cancelamento da parceria com a Boeing, em abril desse ano. Segundo a empresa, houve uma queda de 75% na entrega de aeronaves no primeiro semestre do ano.
O sindicato dos metalurgicos de São José dos Campos, que representa a maior parte dos funcionários da Embraer, diz que essa queda só afeta a produção futura e que, tradicionalmente o primeiro semestre é menos lucrativo. Segundo o presidente do sindicato e funcionário da Embraer, Herbert Claros da Silva, os prejuízos na verdade foram causados por erros de gestão que investiu em novas estruturas para transferir parte para Boeing, num negócio que depois foi cancelado.
Segundo o sindicato, as perdas provocadas por esse processo passam de 1,2 bilhão de reais, enquanto as perdas provocadas pela pandemia fica na casa dos 80 milhões e reais.Os trabalhadores sustentam que as demissões anunciadas nessa quinta-feira são ilegais porque não foram negociadas, e a justiça vai ser acionada para tentar reverter a decisão.
Em assembleia, os funcionários decidiram também apresentar uma contraproposta para que, em vez de demissões, os prejuízos possam ser compensados com a redução dos salários dos executivos.
Segundo a folha de pagamento da Embraer, em abril desse ano, mais de 120 funcionários recebiam salários acima dos 50 mil reais por mês. Sendo que o salário mais alto passa dos 2 milhões de reais.
Apesar de a empresa ter sido privatizada há mais de 20 anos, o governo brasileiro ainda é um dos sócios com direito a voto.
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