O Ministério Público do Amazonas recuou sobre as declarações dadas na semana passada que confirmavam a morte de indígenas de uma tribo isolada naquele Estado. Segundo o procurador Pablo Luz Beltrand, “não há confirmação das mortes”, mas investigação da denúncia. Há dois dias, a assessoria de comunicação do MP informou à agência local de notícias Amazônia Real que confirmava “as mortes dos indígenas isolados” e que “o Ministério Público Federal e Polícia Federal estavam investigando” os fatos.
Beltrand explicou que o Ministério Público recebeu um comunicado da Fundação Nacional do Índio (Funai) sobre o tema, o que motivou a abertura da investigação. “Não posso dar outras informações para não colocar em risco a investigação”. A Funai informou na última segunda-feira que garimpeiros ilegais foram detidos e levados para depor sobre o caso em Tabatinga.
Há duas semanas, o líder indígena Adelson Kora Kanamari disse à Amazônia Real que entre 18 e 21 indígenas da tribo isolada Warikama Djapar “teriam sido atacados e assassinados” entre maio e junho na região do Vale do Javari. Em declarações à Amazônia Real, Kanamari explicou que a situação na região está “muito crítica”. Os invasores “são fazendeiros, caçadores e garimpeiros. Muitos índios isolados estão sendo mortos, mas não sabemos ao certo as datas e nem o número exato”.
O território indígena Vale do Javari tem 8,5 milhões de hectares e foi regularizado em 2001, segundo dados da Funai. Situado a quase 1.200 km de Manaus, tem uma população de cerca de 7.000 habitantes. Também de acordo com a Funai, há ao menos 14 referências de indígenas isolados na área e cinco etnias contatadas.