O número de grávidas com HIV no Brasil vem crescendo desde 2008, de acordo com os últimos dados do Boletim Epidemiológico de HIV/Aids divulgados pelo Ministério da Saúde. Naquele ano, foram registradas 6700 gestantes com HIV, o que representava 2,1 casos para cada 1 mil nascidos vivos. Em 2018, esse número passou para 8600, o equivalente a 2,9 casos a cada 1 mil pessoas.
Para o médico ginecologista e obstetra, Raphael Câmara, esse resultado pode ser explicado devido a uma baixa notificação entre as mulheres que não estão grávidas, já que no pré-natal as gestantes obrigatoriamente fazem o exame do HIV e, caso estejam contaminadas, iniciam o tratamento para evitar a transmissão para o bebê.
"O que me parece que está havendo é uma subnotificação da mulher não grávida. E isso pode ser explicado por vários motivos, como o caos da saúde em todos os níveis, o que leva a crer que muitas mulheres não grávidas estão com HIV e não estão sabendo", disse Raphael Câmara, que também é epidemiologista e integrante do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj).
Em entrevista ao Revista Brasil, ele alertou sobre a importância de praticar o sexo seguro com o uso de preservativos para evitar também outras doenças, como a sífilis, que teve um grande aumento de casos no Brasil: "É uma epidemia. A sífilis neonatal mata muito, não é só o HIV".
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