A pandemia da covid-19 tem gerado uma onda de sofrimento psicológico, com aumento dos casos de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático. "Não há como não sofrer nesse momento. Por um lado, temos o medo da doença. Temos que lidar com a angústia da perda das pessoas que morreram e das que estão doentes e temos que lidar também com esse isolamento e distanciamento social", explica o psiquiatra, psicanalista e professor de psiquiatria do Centro Universitário São Camilo, Alfredo Simonetti.
Idosos e crianças foram bastante afetados nesses meses de isolamento. "Os idosos foram os primeiros a serem isolados e isso provocou um sofrimento psíquico muito grande, porque tirou deles uma das poucas coisas que o idoso têm, que é o contato familiar." As crianças ficaram mais agitadas ao passarem muito tempo dentro de casa e isso acabou deixando os pais mais ansiosos, sobrecarregados e estressados.
Os casais também estão passando por uma hiperconvivência, o que gera uma série de atritos e está provocando o aumento no número de divórcios. "Tem duas coisas que as pessoas suportam pouco: muito isolamento e muita proximidade", explica Simonetti. A falta de privacidade e a alteração da rotina do casal transforma situações e comportamentos anteriormente toleráveis em algo intolerável, prejudicando a convivência. "A pandemia é o grande teste dos casamentos."
Existem alguns "pontos de alarme, ou seja, sintomas aos quais devemos ficar atentos e, caso se agravem, necessitam de ajuda médica: a irritação e a ansiedade. "Se mantidas cronicamente, a irritação e a ansiedade apontam para uma depressão", alerta o psiquiatra.
Embora estejamos passando por um ano extremamente difícil, Simonetti disse que é importante tentar buscar um estilo de vida mais saudável, mesmo em meio ao estresse, e recomenda procurar tratamento, se preciso, o que ainda pode ser feito por meio da Rede de Atendimento Psicológico Gratuito.