A nomeação do ex-presidente Luis Ignácio Lula da Silva, para ministro da Casa Civil, e a divulgação de áudios entre a presidenta Dilma Rousseff e Lula, resultaram em novas manifestações, panelaços e buzinaços por todo o Brasil nesta quarta-feira (16).
Além de reclamarem da nomeação, os manifestantes pediam, assim como no último domingo (13), o fim da corrupção e o impeachment da presidenta. Mas o que o momento político pode significar? Como avaliar os novos protestos? O cientista político e professor da Universidade Federal Fluminese (UFF), Márcio Malta, participou do programa Revista Brasil e explicou sobre a situação política brasileira.
Segundo Malta, boa parte da indignação das pessoas está ligada à possibilidade do ex-presidente Lula ter sido nomeado para “escapar” do julgamento do juiz Federal, Sérgio Moro. Para ele, “o direito de protesto é legítimo e democrático, mas parte da sociedade tem que compreender que não tem ingerência sobre uma possibilidade de uma nomeação de uma presidenta da República, partir de um pressuposto de uma denúncia. É uma tentativa de associar a presidenta Dilma Rousseff como se fosse uma obstrução da justiça”.
O cientista político comentou também sobre a participação de entidades representativas e empresas nessas manifestações. “A história pode nos auxiliar. Todas as vezes que os empresários estão em mobilizações que nós podemos caracterizar como patronais, eles entram no cenário político sobre os seus próprios interesses. No Chile, por exemplo, na década de 60, 70, tivemos episódios semelhantes”, explicou.
Sobre o que esperar para os próximos dias, Márcio Malta avalia que com a decisão nas mãos do Supremo Tribunal Federal, as questões serão definidas com um pouco mais de serenidade. “Também vai ser essencial como as ruas vão se comportar, como vão ser os depoimentos dessa classe política também. E, é claro, que analisar também, aguardar, pouco tem se falado, qual vai ser o comportamento não só do ministro Lula, mas se vão existir, de fato, mudanças na política econômica, como foi falado ontem, como foi divulgado”.
Clique no player acima e confira a entrevista feita por Fátima Santos no Revista Brasil, na Rádio Nacional de Brasília.