Manifestações neurológicas, como acidente vascular cerebral, encefalite e condições psiquiátricas já foram relatadas em pacientes com a doença. Mas, o que chamou a atenção de pesquisadores da Fiocruz, da UFRJ e do Instituto D’Or, foi o potencial do vírus em provocar uma infecção mais grave e letal do que a registrada nos pulmões.
O estudo, que está sendo divulgado pelas instituições envolvidas, teve como ponto de partida a análise do tecido neural de uma criança de um ano e dois meses que morreu de covid-19. O pesquisador virologista da Fiocruz, Thiago Moreno Souza, explicou que o novo coronavírus invadiu o sistema nervoso central, infectou as células e produziu novas partículas nas células que revestem a cavidade craniana. Porém, os neurônios não foram afetados.
Para Moreno, a conclusão deste estudo é que essa replicação no neurônio é abortiva - quando chega lá, não há mais a replicação e assim, não existe a infecção no local. Mas, só o fato da presença do novo coronavírus no tecido nervoso, já é suficiente para causar uma lesão.
A pesquisa ainda não foi publicada em periódicos científicos, mas já foi divulgada em preprint, que são plataformas específicas, para a transmissão de conhecimento no meio científico, permitindo mais comunicação e agilidade na troca de informações entre pesquisadores de todo o mundo.