O Dia de Finados (02 de novembro) é tradicionalmente um dia de homenagens e de saudades diante da memória e do afeto que persiste em nós mesmo depois que uma pessoa querida deixou a vida do corpo. É comum que nessa data o luto seja revivido e intensificado. A pandemia nos leva a perceber algumas mudanças na relação com o medo da morte e a experiência com o luto, em especial com as cerimônias que deixaram de ser recomendadas nesse período.
Dylan Araujo conversou com Ana Maria Franqueira, doutora em psicologia e autora da tese "À flor da pele: Entre ritos e sentidos do luto parental", trabalho que investigou o fenômeno do luto de pais que perderam filhos por acidente de trânsito, focalizando o papel dos rituais e dos sentidos construídos por eles.
"Eu acho que a pandemia escancarou o nosso temor da morte", disse ela durante a entrevista. Para ela, a pandemia lembrou a todos sobre a possibilidade da morte, principalmente nos grupos mais vulneráveis, como os idosos. "Aquele mundo que a gente construiu, com certezas, com ideias, com valores, esse mundo desmoronou e a gente vai precisar construir ferramentas para construir esse mundo novo", reflete ela.
De acordo com os estudos sobre o luto, 25% dos enlutados adoecem e necessitam de ajuda. Sobre os enlutados do período da pandemia do coronavírus, ela alerta para uma possível epidemia de saúde mental. Durante a entrevista ela também falou sobre a importância dos rituais, como os velórios e missas de sétimo dia, que auxiliam na elaboração eficaz de um processo de luto.
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