No Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, o Tarde Nacional - Amazônia conversou com o pensador indígena, ativista ambiental, escritor e filósofo Ailton Krenak. Perguntado sobre em que momento ele se deu conta de que a luta faria parte de sua história, Ailton Krekak foi enfático: "quando Dom João VI desembarcou no Brasil em 1808, ele assinou um decreto de extermínio contra os Botocudos da Floresta do Rio Doce. Somo nós, é o meu povo, meus parentes. Eu já nasci com um decreto de extermínio. Então não teve essa de despertar para a luta. Se eu não tivesse despertado eu já tava morto."
Krenak lembrou da sua participação na Assembléia Constituinte, em 1987, com um discurso que entrou pra história por defender o direito dos povos originários viverem no território brasileiro. E explicou o porquê da sua visão crítica sobre a participação de indígenas na política, desde os tempos do deputado Mario Juruna até os dias atuais.
"O entendimento do Dia Nacional de Luta não significa que os indígenas têm que ir pra política dos brancos. Significa que as instituições do Estado têm que respeitar os direitos desses povos, inclusive deles continuarem vivendo dentro da floresta, como os Yanomami, por exemplo. Os Yanomami não têm que sair de dentro da floresta, ceder o lugar deles pros garimpeiros, e vir fazer política em Boa Vista, em Manaus ou em Brasília. Eles têm que ter a integridade deles respeitada. A soberania dos Yanomami é dentro da floresta, não em Brasília."
Para quem pensa que a luta é somente dos indígenas, Ailton finaliza: "quando a gente não tiver mais floresta e não tiver mais água limpa pra beber, eu quero ver se as pessoas vão comer ouro."
Ouça a entrevista completa no player acima.
O programa Tarde Nacional - Amazônia vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 15h às 17h, na Rádio Nacional da Amazônia. A apresentação é de Juliana Maya.