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Mais de 7 milhões de mulheres podem engravidar durante a pandemia

Falta de acesso aos métodos contraceptivos durante o isolamento social afeta mais de 47 milhões de mulheres

No AR em 01/06/2020 - 17:19

Durante a pandemia, profissionais de saúde determinam todos os dias quais são os serviços médicos essenciais para a população. Essa é uma medida para evitar aglomerações nos hospitais e diminuir a contaminação por coronavírus. Os métodos contraceptivos, por exemplo, não estão incluídos no grupo de atividades essenciais. Mas segundo o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA),essa não inclusão pode resultar em 7 milhões de mulheres grávidas sem planejamento familiar nos próximos meses.

Em entrevista ao Tarde Nacional desta segunda-feira (1º), Luis Bahamondes, ginecologista e professor do Departamento de Tocoginecologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), alertou que a falta de acesso aos métodos contraceptivos pode afetar mais de 47 milhões de mulheres no mundo inteiro. Outro fator para o aumento no número de gestações pode ser a frequência de relações sexuais durante o isolamento social.

Confira no player abaixo:


“Alguns hospitais têm considerado que o planejamento familiar não é essencial e têm cortado métodos contraceptivos. Também não sabemos se este ficar em casa tem influência na frequência de relações sexuais, mas pode aumentar as gestações. O planejamento familiar e a provisão de anticoncepcionais devem ser feitos”, explicou.

 

Segundo o médico, caso as gestações não sejam planejadas, o Brasil pode seguir o mesmo panorama que foi visto na Europa e nos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial. O impacto pode ser ainda maior para as dependentes do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

“Minha impressão é que vamos viver a era de Baby Boomers na Segunda Guerra Mundial. No Brasil, vamos viver essa epidemia de Baby Boom a partir de dezembro e janeiro do ano que vem, o que vai ser perigoso para um país que vai estar saindo de uma epidemia que já matou, até então, mais de 30 mil brasileiros”, alertou.

 

Além das gestações não planejadas, existem aqueles casais que estão planejando engravidar durante a pandemia. Nessa situação, o ginecologista alerta para os cuidados que precisam ser tomados.

 

“Para as pessoas que estão querendo engravidar, eu diria para não tentar agora porque não sabemos ainda se existe transmissão vertical de coronavírus da mãe para o filho. Não queremos ter um problema como tivemos com o zika vírus. Por que não esperar um pouco mais até passar esse período?”, ressaltou.

 

O isolamento social e a pandemia do coronavírus exigem atenção da população, mas também é preciso ficar alerta quanto ao planejamento familiar e não esquecer de utilizar os métodos contraceptivos. 

Criado em 01/06/2020 - 17:28