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Perigos do álcool em gel: cresce o número de queimaduras no Brasil

Casos aumentaram durante a pandemia, 75% dos acidentes são domésticos e atingem 40% das crianças

No AR em 09/06/2020 - 17:37

Com a pandemia do novo coronavírus, o uso do álcool em gel se tornou uma medida emergencial para o combate da Covid-19. Mas o risco de acidentes com queimaduras graves aumentou desde a flexibilização e venda do produto. É o que aponta a campanha de prevenção a queimaduras promovida pela Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ). Em entrevista ao Tarde Nacional desta terça-feira (09), o presidente da SBQ, José Adorno, comentou os riscos do álcool em gel.

Ouça no player abaixo:


 
“Quando a ANVISA liberou o álcool como medida emergencial, nós alertamos que isso poderia aumentar as queimaduras. Abrimos tipo um 'Queimômetro do Álcool' e passamos a medir quantas pessoas se internaram por queimaduras graves desde o dia 20 de março. Hoje já totaliza cerca de 315 pessoas internadas com queimaduras graves em todo o país”, alertou. 

 

Segundo o presidente, o grande problema é que as pessoas usam o produto como se fosse um hidratante corporal, realizando as atividades domésticas normalmente após o seu uso, como cozinhar ou se expôr ao fogo, e esquecem que o álcool é altamente inflamável. Principalmente o álcool em gel, que demora mais tempo para evaporar e perder as propriedades inflamáveis.

 

“Tem o caso de uma mãe que passou álcool em gel na face da criança, que se aproximou de uma chama e queimou a face. Teve um óbito no Rio de Janeiro porque a vítima passou álcool em gel no corpo todo e se aproximou do fogo. Há uma desinformação aos benefícios do álcool em gel. Ele não é feito pra passar no corpo. A indústria está oferecendo álcool com hidratante para resolver o ressecamento das mãos, mas as pessoas acham que hidratam o corpo também. Recomenda-se que depois de passar o álcool em alguma parte do corpo ou alguma coisa, esperar uns 10 minutos para que você não tenha risco de acidentes”, explicou.

 

Foi pensando nesses acidentes que a Sociedade Brasileira de Queimaduras lançou o Junho Laranja, uma campanha de prevenção a queimaduras. Este ano o foco é alertar sobre os cuidados com as crianças, que representam 40% dos acidentes domésticos. Com o isolamento social, as crianças passam mais tempo em casa e podem sofrer riscos motivados pela curiosidade de puxar cabos de panela, toalhas de mesa e o contato com líquidos quentes ou inflamáveis.

 

“O Junho Laranja é um mês que promovemos várias ações, palestras e procuramos agregar todas as ações nacionais de maneira a dar visibilidade ao trauma da queimadura. São acidentes que podem ser evitados, principalmente os acidentes domésticos com crianças. Cerca de 70 a 75% dos acidentes são domésticos e acontecem muito com crianças. Por prática são cuidados que podem ser evitados, como não deixar a criança na cozinha, tomar cuidado com líquidos superaquecidos, ter cuidado com os líquidos inflamáveis. Nós entendemos que com medidas simples e alertando a população pode ser evitado”, ressaltou. 

 

José Adorno também explicou estratégias simples para evitar queimaduras e ajudar em casos graves, como o que fazer quando presenciar uma pessoa em chamas. Apostar na prevenção é fundamental, mas em casos mais graves é importante contatar o SAMU e o Corpo de Bombeiros pois possuem protocolos bem desenvolvidos para cuidar de incêndios e queimaduras.

Criado em 09/06/2020 - 18:03