Psicólogo alerta sobre negação do luto nas festas de fim do ano

As festas de fim de ano estão aí e já mais de 190 mil famílias vivem a dor do luto pela covid-19. Como fazer para seguir em frente? É necessário silenciar o luto e comemorar as festividades desse período? Sobre esse assunto, o programa Tarde Nacional entrevistou o psicólogo Leonardo Morelli, especialista em psicoterapia. O pesquisador destaca a importância das pessoas ficarem atentas aos entes queridos e amigos. Afinal, mesmo as pessoas que não perderam ninguém da família estão vivendo outro tipo de luto.

Segundo o psicólogo, nós estamos aprendendo, nestes tempos de pandemia, a lidar com a vida de uma outra forma e com muito medo. Sem falar na falta de esperança. Na entrevista, ele comenta que o Natal dele foi "esquisito". "Só fui eu e minha mãe. Já que o resto da família não pôde se reunir pois morava cada um em um estado. E é estranho assim! Como vai ser o amanhã? Tudo é muito novo pra gente e com isso, nós temos medo. E uma maneira de evitar o medo é negando. Então, muitas pessoas para dar conta daquilo sem adoecer negam. Mas a partir do momento em que a negação vira um excesso ela começa a correr risco, de adoecer mentalmente, ao fugir de uma realidade", conta Morelli.

Outra preocupação dele é sobre a "positividade tóxica". Ele define essa expressão como o momento em que as pessoas buscam falas de uma forma positiva, mas em fuga da realidade. Inclui crenças equivocadas como: "os jovens não morrem de Covid ou só vitima idosos". Leonardo destaca ainda a importância de se vivenciar o luto, este momento de dor. "Este é um processo longo, não de um dia ou dois, mas sim de anos. Quando passaram-se dois anos e a pessoa ainda continua doente, é porque ela ainda precisa fazer esse luto. Forte pra mim é vivenciar a sua realidade e não negá-la. Porque aí eu estou sendo tóxico para o outro. Qualquer interrupção neste processo de luto vai gerar lá na frente uma depressão", esclarece o especialista. 

Como acontece o processo do luto? Por que ainda não aceitamos a perda? Acompanhe a entrevista completa, no player acima. 

O Tarde Nacional vai ao ar de segunda a sexta-feira, no horário de 13h às 15h, pela Rádio Nacional de Brasília.