O Tarde Nacional desta terça-feira (26) conversou com a criadora do Instituto Lagarta vira Pupa, Andréa Werner.
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Tudo começou em 2012, quando o filho foi diagnosticado com autismo regressivo aos dois anos de idade. Após o choque inicial, Andréa Werner parou de trabalhar para ficar mais tempo com a criança e criou o blog Lagarta Vira Pupa, um espaço onde podia "ocupar a cabeça e desabafar".
Hoje, essa iniciativa se transformou em um instituto de apoio para pessoas que tenham familiares com deficiência e já conta com 300 embaixadoras em todo o país, desenvolvendo ações inclusivas, suporte emocional, jurídico e material. “O instituto veio para multiplicar os meus braços e amplificar as nossas ações”, contou.
“Nenhum pai ou mãe engravida pensando em ter um filho com deficiência. E isso é até interessante, se você pensar que 24% da população tem algum tipo de deficiência.” Segundo ela, ainda há um grande trabalho de conscientização a ser feito junto à sociedade e aos governos para dar maior visibilidade e garantir mais direitos a estas pessoas.
“Vemos a situação de extrema precariedade em que vivem essas famílias no Brasil inteiro por falta de políticas públicas. Uma pesquisa do Instituto Baresi indica que 78% dos pais vão embora quando o filho nasce com alguma deficiência. Então, essas 'mães solo', que largaram o emprego e vivem de bico, nem sempre conseguem ter acesso ao Benefício de Prestação Continuada e ficam numa situação muito vulnerável e de muita carência", afirmou Andréa.
O nome veio de uma música do programa infantil Cocoricó, cujo trecho dizia que no processo de transformação da borboleta, a lagarta vira pupa. Para ela, foi justamente isso que ocorreu com o filho, que vinha se desenvolvendo bem e, aos poucos, foi perdendo as habilidades já alcançadas, como engatinhar e bater palmas, e também a capacidade de interação social, quando então se fechou para o mundo, parecendo estar vivendo dentro de uma pupa.
Nesta entrevista no programa Tarde Nacional, Andréa contou que quando percebeu que seu filho nunca iria se curar do autismo e sair daquela pupa onde se isolou para ser uma criança como as outras, ela entendeu que, na verdade, quem estava passando por todo um processo de mudança era ela, ao largar o emprego, mudar planos e ressignificar a sua vida a partir daquele diagnóstico.
“Quem esteve dentro daquela pupa, quem continua passando por essa metamorfose sou eu, nunca foi meu filho", concluiu.
Andrea comentou ainda sobre a autonomia e a necessidade de políticas públicas para pessoas com autismo.