Em entrevista no programa Tarde Nacional, Wania Cidade, Coordenadora do Grupo de Decolonização do Pensamento da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (SBPRJ), falou sobre a reforma efetuada pelo Instituto de Formação da Sociedade, que pretende ampliar a presença de negros, indígenas e refugiados em seu programa de formação psicanalítica.
Durante a conversa, Wania faz um panorama da introdução do estudo da psicanálise no Brasil e da presença de diversas organizações que se dedicam ao assunto. Ela lembrou do médico Juliano Moreira, negro, que em 1929, "foi o primeiro a estudar a obra de Freud, diretamente do alemão, e foi quem introduziu o pensamento freudiano no Brasil".
Há aproximadamente dez anos existe a preocupação, dentro da SBPRJ, de se refletir sobre as questões relacionadas à quase ausência de negros nas organizações dedicadas ao estudo da psicanálise. "De lá pra cá, muita coisa veio avançando, as discussões foram avançando até que, no ano passado, a gente começou a criar projetos pra fazer uma mudança efetiva na ampliação do acesso", conta Wania.
A abertura do acesso ao estudo da formação em psicanálise para profissionais graduados em outras disciplinas, além da medicina e da psicologia, também foi amplamente discutida durante a entrevista. Segundo Wania, o próprio Sigmund Freud, médico e considerado o criador da psicanálise, acreditava que pessoas de outras formações acadêmicas também pudessem se tornar psicanalistas.
Ainda, Wania também falou sobre a pouca representatividade de negros e indígenas nos quadros de analistas das sociedades psicanalíticas, algo que para ela deveria ser considerado como um problema, ao se observar a formação da população brasileira.
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