O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) lançou um relatório inédito intitulado "Ainda? Essa é a palavra que mais dói", que descreve as consequências do desaparecimento de pessoas para quem busca por um familiar. Para falar sobre esse assunto, o Tarde Nacional conversou com Larissa Leite, coordenadora do programa Pessoas Desaparecidas e suas Famílias, do CICV.
A coordenadora conta que o relatório foi desenvolvido com um grupo pequeno de famílias de desaparecidos de São Paulo. Na entrevista, Larissa destaca que foi constatado grande diversidade de perfis, tanto de pessoas desaparecidas como de familiares, inclusive de crianças, idosos e adultos. Dentro do grupo, a maioria dos casos possuem nos familiares mães que procuram por seus filhos e como desaparecidos grande predominância de homens jovens.
“Uma pesquisa feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública com o Ministério Público indicou que no estado de São Paulo, o perfil preponderante de pessoas registradas como desaparecidas é de homens jovens, mas existem também várias faixas etárias entre crianças, adultos mais velhos e idosos”, afirma Larissa.
Até o momento, eles seguem trabalhando as circunstâncias dos desaparecimentos.
“A gente só conhece o verdadeiro fator do desaparecimento quando o caso foi solucionado. E como a gente não tem ainda esse mecanismo completo que produz dados e pode analisar, a gente fica então só com evidências parciais da realidade”, pontua a coordenadora.
Sobre as consequências para as famílias, a entrevistada afirma que no Brasil, as famílias enfrentam o desaparecimento de maneira solitária. Também pela falta de um sistema coordenado nos serviços públicos, as famílias se lançam em buscas autônomas, o que as põem em risco. Segundo Larissa, alguns membros das famílias passam a ter a busca como atividade principal da vida, o que os isola.
Confira a entrevista completa no player acima.