No Tarde Nacional dessa terça-feira (07), nós começamos a chamar a atenção dos ouvintes para os 85 anos da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que serão comemorados neste domingo, dia 12 de setembro (a emissora foi fundada em 1936). Na ocasião, neste domingo, a partir das 10 horas da manhã, Dylan Araujo vai apresentar um programa especial de aniversário, ao vivo.
Hoje, conversamos com o maestro Tancredo "Tranka" Oliveira, que é testemunha ocular dessa história e da passagem de diversos artistas, músicos, cantoras, cantores e maestros que fizeram a história da Rádio Nacional do Rio de Janeiro.
Tranka viveu a época em que os programas eram ilustrados por orquestras que tocavam diretamente do nosso auditório e estúdio sinfônico, na saudosa sede localizada na Praça Mauá, número 7, no histórico Edifício A Noite. Foi na Rádio Nacional que Tranka conheceu a música dos maestros Léo Perachi, Radamés Gnattali, Lírio Panicari, os irmãos Lazolli, o maestro Chiquinho; e músicos como Chiquinho do Acordeon, Gaúcho, Orlando Silveira; flautistas como Copinha e Dante Santoro; artistas como Canhoto, Garoto, Ida Gnattali, José Menezes, o baterista Luciano Perrone, Vidal (contra baixo), entre muitos outros.
"Os programas eram maravilhosos, os maestros eram muito bons, espetaculares", exalta ele.
Durante a conversa, o maestro também conta um pouco da sua história, começando com o som da Rádio Nacional, provavelmente quando ainda estava dentro da barriga de sua mãe. "Não me lembro de outra vida sem a Rádio Nacional", lembra ele ao falar sobre o primeiro contato com a emissora. Ele começou a frequentar a Nacional do Rio de Janeiro ainda criança e teve a oportunidade de, quando um jovem músico do interior do estado do Rio, tocar no programa A Lyra de Xopotó, criado e apresentado pelo radialista Paulo Roberto, a partir de 1954, e que tinha como finalidade ser um incentivo às bandas de música do interior. "Estava de calça curta ainda", lembra ele, que contou outras histórias durante a entrevista, como a do show que reuniu Marlene e Emilinha Borba sob seus arranjos musicais.
"Eu conheci aqueles músicos maravilhosos todos da Rádio Nacional porque quando eu vim pro Rio, a minha primeira providência era toda hora ir na Rádio Nacional ver aquilo de perto de novo", conta o maestro.
Tancredo "Tranka" Oliveira nasceu na cidade de Valença, começando na música quando foi morar no município de Volta Redonda, tendo aulas com um tio. Em sua trajetória profissional tocou em casas noturnas de lugares como Roma, Nova York, China, Japão e Rio de Janeiro. Gravou com o acordeonista Sivuca, que o levou para os Estados Unidos, onde fez parte de sua carreira, na década de 70. No Brasil, tocou com Gonzaguinha, foi maestro da Rainha do Rádio, Marlene, e também se apresentou junto com Emílio Santiago, Luizinho Eça, Chiquinho do Acordeon, Luís Carlos Vinhas, Erlon Chaves e Peter Thomas. Dirigiu shows brasileiros na Europa e na América do Norte, sendo o primeiro maestro a escrever e a apresentar um show genuinamente brasileiro na Disney, nos EUA.
Tranka também foi professor de música na Itália e na França. Multi-instrumentista, além de tocar guitarra, baixo (elétrico e acústico), teclado, sax e flauta, trabalha como diretor musical e arranjador. Foi maestro-arranjador da TV Globo, nos anos 90, e já superou a marca de 500 jingles para o rádio e a televisão.
Como compositor, teve uma bem-sucedida parceria com Noca da Portela e Toninho Nascimento. Suas composições já foram gravadas por artistas como Maria Betânia, Alcione, Beth Carvalho, Grupo Raça, Negritude Júnior e Neguinho da Beija-Flor.
Ouça a entrevista na íntegra clicando no player.
Ouça também: Entrevista com Luiz Artur Ferraretto, autor do livro "80 anos das Rádios Nacional e MEC"