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Estudo descreve dois diferentes padrões de dano no pulmão de vítimas da COVID-19

Segundo a pesquisa, é possível perceber que o SARS-CoV-2 afeta o pulmão de formas variadas.

No AR em 05/10/2021 - 14:30

Em estudo divulgado, ainda não publicado, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e colaboradores analisaram amostras pulmonares de 47 pessoas que morreram em decorrência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), causada pelo novo coronavírus. Eles identificaram dois padrões bem distintos de dano.

Para falar sobre essa pesquisa o programa Tarde Nacional desta terça-feira (5) conversou com o patologista, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) e coordenador da pesquisa, Alexandre Fabro. 

Segundo Alexandre, cinco pacientes (10,6%) apresentaram o que os autores chamaram de “fenótipo fibrótico”, caracterizado pelo espessamento do septo alveolar – estrutura onde ocorrem as trocas gasosas. Ou seja, nesses indivíduos o tecido normal do pulmão lesionado pelo vírus foi substituído por tecido cicatricial (fibrose), o que dificultou a respiração. Em outros dez pacientes (21,2%), classificados como “fenótipo trombótico”, o tecido pulmonar estava praticamente normal. Porém, foi possível notar sinais de coágulos (trombos) em pequenos vasos. Há ainda um terceiro grupo no qual foram incluídos 32 pacientes (68,1%) que apresentaram os dois fenótipos simultaneamente. 

O pesquisador compara o vírus com uma bomba. De acordo com ele, o SARS-CoV-2 entra pela via respiradoria (nariz, boca, garganta) e atinge o pulmão. O estudo revela que o vírus vai "caminhando" no pulmão progressivamente e, com isso, causa as lesões, levando muitos pacientes a óbito. 

Fabro também afirma que as comorbidades como o sobrepeso, a obesidade, a hipertensão acontecem em ambos os fenótipos. No artigo, os autores relatam que, nos dias que antecederam o óbito, os pacientes com o fenótipo fibrótico sofreram um declínio progressivo no índice de oxigenação. Já nos pacientes do grupo trombótico foi relatada uma melhora nos padrões respiratórios nos dias anteriores à morte, bem como alto nível de complacência pulmonar durante todo o período de hospitalização.

Ouça a entrevista na íntegra e saiba mais detalhes da pesquisa clicando no player acima. 

Criado em 05/10/2021 - 16:32