O Tema Livre desta segunda-feira (09), uma reapresentação do programa do último dia 19 de outubro, promoveu uma discussão sobre as brincadeiras de criança. A ideia foi pensar como essas brincadeiras acontecem hoje, partindo do ponto de vista que os pequenos não brincam mais como as gerações anteriores, ou que, pelo menos, a maioria não o faz.
A apresentadora Luciana Valle faz uma reflexão sobre a diminuição das famílias, com muitas não tendo mais de um filho, o que reduz ou dificulta a possibilidade da brincadeira dentro de casa. A ausência do quintal, em tempos de condomínios verticais, por exemplo, facilita o isolamento de crianças e adultos. Ou seja, continua Luciana, "Vivemos, hoje, numa sociedade de pouquíssima interação".
Participaram do programa Lívia Maria Nehme Marinho, 27, psicóloga, gestalt terapeuta e atuante na área da neuropsicologia; Luis Vicente Barros, 38, professor do Departamento de Artes e Design, da PUC-RJ, pesquisador de brinquedos e brincadeiras tradicionais; e Josué Soares, 55, ator e mímico.
Na experiência de Lívia como terapeuta, as crianças têm, atualmente, relações mais restritas à escola, com brincadeiras mais guiadas e estruturadas, bem diferente das brincadeiras livres nas ruas, praças ou nos quintais, "(...) o que acaba possibilitando que os brinquedos sejam mais valorizados do que as brincadeiras", diz ela, sem tirar o valor que os brinquedos têm para o desenvolvimento das crianças, mas dando ênfase ao brincar, como a própria linguagem dos pequenos.
Seria possível um resgate das brincadeiras tradicionais, na rua? Para Luis Vicente, a questão não é o resgate, mas o olhar, já que para ele ainda existe "muito menino brincando por aí". Ele ressalta a diferença dos centros urbanos para o interior, já que em cidades menores a brincadeira de rua ainda é muito comum, com crianças subindo em árvores, jogando bola de gude e soltando pipa.
Para Josué, as escolas têm o importante papel de, pela cultura, aproximar e apresentar às crianças diferentes formas de diversão. "Eu chamo a atenção para uma questão muito importante, que é a hora da merenda, a hora do pátio, onde a brincadeira, a regra, quem faz são as crianças, quando querem brincar de pique, quando querem correr, quando querem pegar uma bola", diz Josué.
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