Em abril de 1922, desembarcou no Rio de Janeiro o pessoal do Turunas Pernambucanos. No ano seguinte, o grupo do Recife se apresentou no Cine Palais. Os integrantes foram anunciados pelos mestres de cerimônia dos shows e, posteriormente, pelos radialistas como os que faziam “músicas do Norte”, que eram “caboclos brasileiros”, que vinham das “cantigas de sertão”, e que conseguiam cantar “emboladas e desafios”. Turuna quer dizer forte e valentão.
No conjunto, estavam dois músicos que se tornaram famosos mais tarde: José Calazans, o Jararaca, e Severino Rangel, o Ratinho. No Rio, os Turunas Pernambucanos ganharam o reforço de João Pernambuco, no violão. O sucesso foi extraordinário na capital. Os cariocas ainda não haviam ouvido aquela cantoria tão diferente, que embolava as palavras ao cantá-las muito rapidamente. Era tudo novo, curioso, divertido. Muitos nordestinos que já haviam migrado para a capital conheciam os ritmos e se identificaram com aquela sonoridade de suas terras.
Com colaboração de Rose Esquenazi, professora da Faculdade de Comunicação da PUC-RJ e jornalista, o quadro 'O rádio faz história' do programa Todas as Vozes, edição de 29 de junho, contou como aconteceu a chegada dos ritmos do interior nos programas das emissoras da então capital do país.
Ouça o quadro inteiro no player acima e confira informações, curiosidades e trechos de sucessos nas vozes de Jararaca e Ratinho; Almirante e Bando de Tangarás; Augusto Calheiros, o Patativa do Norte; e Tonico e Tinoco, em música na qual a dupla enaltece a relação amorosa do rádio com os ouvintes do sertão.
O programa Todas as Vozes vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h05 às 10h, na Rádio MEC AM do Rio de Janeiro - 800 kHz, com apresentação do jornalista e radialista Marco Aurélio Carvalho.