Olá amigas e amigos desse nosso programa, que há exatos 41 anos, embarcou no “Trem azul” da eterna saudade que sentimos de uma das maiores cantoras desse nosso Brasil.
Na parede da memória, como diria Belchior na música, a lembrança da notícia da morte de Elis Regina em 19 de janeiro de 1982 é o quadro que dói mais...
Desde então, essa data é um marco na trajetória do Viva Maria, porque foi a partir desse dia que a vinheta de abertura do nosso programa - que, até então, tinha na voz de Milton Nascimento sua maior expressão, passou a ser feita na voz de Elis Regina. E como é bom ouví-la cantar Maria Maria a cada edição.
Viva Elis Regina, que por sinal, sobreviveu a duas mortes: a que lhe tirou a vida e a morte moral, promovida por uma imprensa machista, preconceituosa, hipócrita e sensacionalista! A mesma que, até hoje, insiste em explorar a imagem da mulher como se ela fosse um objeto.
Lamentavelmente essa conduta desvia o foco do assunto principal da pauta, para colocar luz sobre os atributos físicos ou sobre os hábitos de vida da mulher em questão, em um claro desrespeito ao princípio da autonomia que toda Maria tem sobre seu corpo, reduzindo assim seu papel social e contribuindo de forma perversa para a chamada violência simbólica.
Como disse Henfil, na carta que escreveu à Elis :
“ Nós, homens, te vestimos de azul, vermelho, branco, roxo, amarelo, preto e cortamos teu cabelo curtim feito Joana d"Arc. E você só queria namorar nós, homens. Mas nós homens não conseguimos namorar uma mulher livre. Perplexos, quarentões e médicos-legistas! Podem suspender as diligências sobre a morte de Elis. Tá na caixa-preta: fomos nós, homens".
Há muitos janeiros, Viva Maria faz questão de seguir os rastros que essa estrela deixou ouvindo poetas, jornalistas e fãs. Mas esse ano, graças às amigas do acervo da EBC (Alvimar, Tânia, Natália.. ), tivemos a grata surpresa de resgatar um Especial Elis que fizemos em 1986 e que foi ao ar na carona das vozes que como Guilherme Arantes e Emílio Santiago sempre reverenciaram Elis como a dona da voz da música brasileira!
Guilherme Arantes, por exemplo, demonstra gratidão pelo fato de ter lançado seu primeiro grande sucesso na voz de Elis! Vamos ouvi-lo na entrevista de 1986.
