A Rádio Nacional da Amazônia traz o nono episódio do especial Identidade Ancestral, que fala sobre os povos indígenas isolados e de recente contato.

De acordo com o Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (Opi), há 114 registros de povos isolados no Brasil - em estados como Roraima, Pará, Rondônia, Acre, Mato Grosso e Amazonas. "Aqui, principalmente no Vale do Javari (oeste do estado do Amazonas), nós temos o maior grupo de indígenas isolados do mundo", conta Manoel Chorimpa, liderança do povo Marubo, que faz parte do observatório.

Esses grupos sobrevivem da caça, da pesca, da coleta e podem percorrer grandes extensões de terra, como explica Varin Mema, do povo Marubo, doutora em antropologia que atua na Gerência de Povos Isolados e de Recente Contato da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab): "Para eles, não tem limite, essa fronteira de limite do espaço. Então, eles andam à procura de remédios, à procura de caças, à procura de terra firme, fértil, essas coisas".

Desde a década de 1980, a política indigenista para os povos indígenas isolados é a do não-contato: "A nossa política, para não fazer contato com eles, é porque eles são muito vulneráveis na questão da doença, né?", exemplifica Lucas Manchineri, do povo Manchineri. "O contato forçado foi assim, uma atitude muito agressiva, vamos dizer assim", complementa Manoel Chorimpa.

Ouça no player acima o episódio na íntegra.

Em formato de podcast, a primeira temporada do Identidade Ancestral contou com 13 episódios, que estão disponíveis site das Rádios EBC (clique para ouvir). Os episódios falaram sobre os povos indígenas antes e em 1500, violência e resistência, demarcação de terras, retomada territorial, desintrusão, movimentos indígenas, indígenas na política, indígenas em contexto urbano, indígenas isolados ou sem contato, línguas indígenas, uso das tecnologias, influenciares e comunicadores indígenas e expressões artísticas dos povos indígenas.

Este episódio teve depoimentos de (por ordem alfabética):

Lucas Manchineri é liderança do povo Manchineri, da Terra Indígena Mamoadate, no estado do Acre, na fronteira com o Peru. É licenciado em Educação Escolar Indígena pela Universidade Federal do Acre e é mestre em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB). É presidente da Manxinerune Tsihi Pukte Hajene (MATPHA) e atua na política de proteção aos "parentes desconfiados" - termo cunhado por Lucas no artigo O povo desconfiado na Terra Indígena Mamoadate (disponível em pdf na coletânea Cercos e Resistências: Povos Indígenas Isolados na Amazônia Brasileira).

Manoel Chorimpa, do povo Marubo, da Terra Indígena do Vale do Javari, no município de Atalaia do Norte (AM), é um dos ativistas da causa indígena na região. É membro da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) e atua na rede do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (Opi).

Varin Mema é do povo Marubo, da Terra Indígena do Vale do Javari, mas, no momento, reside em Manaus (AM). É mestre e doutora em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e trabalha como técnica de projetos na Gerência de Povos Isolados e de Recente Contato da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).