Digite sua busca e aperte enter

Compartilhar:

Pesquisadores buscam novos medicamentos contra malária

A droga, chamada artemisinina, e alguns derivados matam o parasita

"Aí eu senti uma dor na cabeça, uma febre no mesmo horário todo dia, com uns três dias aí eu não aguentei mais”.

 

Os sintomas apresentados por Juraceles Guedes, de 67 anos, morador de Rio Branco, no Acre, podem ser parecidos com os de outras doenças, como a dengue. Mas quando a pessoa está na Região Amazônica, as suspeitas recaem facilmente sobre a malária. Foi o que aconteceu com Juraceles, que contraiu quatro vezes a doença, também conhecida como maleita.

 

Confira outras edições do Jornal da Amazônia 1ª Edição

 

A malária já esteve muito presente em todo o território nacional, mas hoje é endêmica apenas na Amazônia por causa do clima tropical, das florestas e da abundância de água – características essenciais para a reprodução do mosquito transmissor.

 

Pesquisadores em saúde pública asseguram que o Brasil vai conseguir cumprir, com sucesso, o compromisso assumido com a Organização Mundial de Saúde de reduzir em 75% a infecção por malária entre os anos 2000 e 2015.

 

O doutor em imunologia e pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz, Leonardo José de Moura Carvalho, estuda a elaboração de novas drogas para tratamento e até vacinas contra a doença. Ele reforça que a rede de atendimento existente no Norte do país é um dos fatores que têm conseguido diminuir os índices de malária.

 

"Existe uma rede de diagnóstico que é totalmente gratuita, oferecida pelo ministério, pela secretaria de vigilância em saúde e na verdade pelos municípios,  e eles conseguem detectar com muita rapidez os casos de malária, e tratar este caso de malária. Então é um sistema eficiente que tem conseguido este bom trabalho e tem diminuido bastante o número de casos na região amazônica."

 

Os últimos dados publicados no site do Ministério da Saúde apontam que na Amazônia, em 2013, foram notificados 15.840 casos da doença. Já em 2014, as ocorrências caíram para pouco mais de 12 mil. Esses números ainda podem ser reduzidos. Leonardo Carvalho aponta que, atualmente, o Brasil tem avançado nas pesquisas de novas drogas para o tratamento da malária.

 

"De uns anos pra cá surgiu uma nova droga chamada artemisinina e alguns derivados dela que matam o parasita muito rapidamente e consegue além disso, não aparecer resistência. Tá tendo alguns relatos agora que está aparecendo alguma resistência mas ela é uma droga muito eficaz ainda. Então, com o aparecimento dessa droga, principalmente, aumentou muito a eficácia do tratamento e isso foi uma das razões que permitiram essa queda no número de casos."

 

Além dos pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, outros estudos de medicamentos estão sendo feitos, por exemplo, no Instituto de Física de São Carlos, da Universidade de São Paulo. Na Região Amazônica, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) – também desenvolve pesquisas sobre malária. Mas o estudo no INPA é voltado principalmente para as características do vetor: o mosquito anopheles, como ressalta Wanderli Tadei, pesquisador do Instituto.

 

"O nosso foco maior está em relação ao vetor. O vetor é um fator fundamental no controle da malária. Nós precisamos entender da ecologia dele, da forma de atuação dele, em relação ao período que ele se alimenta, que ele vai picando as pessoas... então isso caracteriza um modelo de transmissão. Então a Amazônia, pelas características ambientais que ela tem, ela favorece a reprodução do mosquito."

 

Apesar do alto número de ocorrências de malária na região Norte do Brasil, países africanos apresentam  os piores índices. Em relatório publicado no final do ano passado, a OMS comemorou a diminuição da doença em todo o mundo. Ainda assim, foram 198 milhões de casos no planeta e 584 mil mortes em 2013, 90% delas na África. As crianças africanas com menos de 5 anos constituem 78% das vítimas da malária.

 

O Jornal da Amazônia 1ª Edição desta sexta-feira (24) também destaca que o primeiro júri formado apenas por índios começou nessa quinta-feira (23) e não tem data para terminar. Dois réus da etnia Macuxi são acusados de homicídio na reserva indígena Raposa Serra do Sol, no Norte de Roraima. E ainda: Justiça determina que São Luís (MA) regularize, em até seis meses, o atendimento a pacientes com hanseníase.

 

Acompanhe o jornal de segunda a sexta-feira, às 7h45, na Rádio Nacional da Amazônia, e às 5h45, na Rádio Nacional do Alto Solimões.



Criado em 24/04/2015 - 09:26 e atualizado em 24/04/2015 - 09:19