A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a atuação da Funai e do Incra na demarcação de terras indígenas e quilombolas ouviu, nessa terça-feira (8) o depoimento do antropólogo Edward Luz, ex-membro da Associação Brasileira de Antropologia (ABA).
Ele criticou os trabalhos de colegas que servem de base para a demarcação de terras e disse que "a antropologia brasileira é submissa". O antropólogo, ouvido na qualidade de testemunha, citou diversos indícios de fraudes em processos de demarcação realizados pela Funai e pelo Incra e sugeriu que a atuação de ONGs internacionais na pauta indigenista esteja relacionada a interesses duvidosos.
Cerca de 200 indígenas das etnias Krahô e Mundurukú estavam na Câmara dos Deputados para acompanhamento da CPI. Mas nem todos puderam entrar no plenário 13, onde aconteceu a sessão.
Para o líder indígena Antônio Apinajé, do Tocantins, o antropólogo Edward Luz defende interesses da bancada ruralista e do agronegócio. Segundo os indígenas, a instauração da CPI da Funai e do Incra é uma manobra para a aprovação da PEC 215, que tramita no Congresso Nacional. O texto transfere do executivo para o legislativo o poder sobre a demarcação de terras.
Edward Luz contestou a afirmação dos indígenas e disse que não defende o agronegócio. Parlamentares contrários à CPI da Funai e do Incra informaram que a Procuradoria-Geral da República acatou o pedido de ilegalidade da Comissão proposto por eles, por não haver um fato determinado para a instauração da Comissão, o que desobedece o regimento da Câmara. Agora, cabe ao Supremo Tribunal Federal decidir sobre a suspensão da CPI.
Ouça ainda na edição desta quarta-feira (9): Indígenas foram presos na Operação Crátons, da Polícia Federal, deflagrada nessa terça-feira(8). A ação combate a exploração e o comércio ilegal de diamante da reserva indígena dos cinta larga, no cone sul de Rondônia. A reserva é considerada uma das maiores jazidas de diamante do mundo. E também: Tocantins e Maranhão ainda são os únicos estados da Amazônia com casos de microcefalia sendo investigados. Já são 66 ocorrências nas duas Unidades da Federação.
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