O óleo atingiu os rios Chiriaco e Morona, no Noroeste do país, prejudicando comunidades ribeirinhas e indígenas.
O acidente no oleoduto da empresa Petroperu ocorreu na bacia Rio Marañon, que é um afluente do rio Amazonas. De acordo com o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Adalberto Luís Val, apesar de atingir o lado peruano, as consequências são para todo o bioma da Amazônia.
“A gente precisa pensar na Amazônia como um bioma ocorrendo em todos os países simultaneamente. Não importa muito aonde a gente tenha um desafio ambiental. Ainda que esse acidente esteja ocorrendo no Peru ele vai afetar o ambiente como um todo”, afirmou.
Segundo o pesquisador, parte do petróleo é solúvel em água e imperceptível, mas tóxico, podendo causar tumores nos peixes. Ele explica que a parte sólida, que fica na superfície da água, é preocupante para algumas espécies típicas da região.
“Uma boa parte dos peixes desenvolveu a capacidade de respirar na interface da água com o ar, ou mesmo respirar ar diretamente, como é caso do pirarucu. Quando em ambientes contaminados com petróleo, que forma uma fina camada sobre a superfície da coluna de água, as estratégias que eles desenvolveram para poder lidar com a baixa disponibilidade de oxigênio na água acabam contaminando os animais”, explicou.
Adalberto Luís Val esclarece que a água contaminada por petróleo contem compostos tóxicos que são prejudiciais para humanos. “Se eles estiveram internalizados pelos peixes e estiverem presentes na musculatura dos animais prejudicam os consumidores de peixes. Ou se os compostos estiverem dissolvidos na água em níveis significativos, a água se torna inapropriada para consumo humano”, alertou Val.
No final do mês passado, o governo peruano decretou situação de emergência em 16 comunidades amazônicas por causa do vazamento de petróleo nos rios que são fornecedores de água potável. O decreto tem validade de 60 dias e prevê que as famílias recebam ajuda humanitária e auxílio nas ações de limpeza.
A assessoria de imprensa do Ibama informou que a mancha de óleo está a 700 quilômetros da Amazônia brasileira e tem poucas chances de cruzar a fronteira.
O Jornal da Amazônia 2ª edição desta quinta-feira (3) traz ainda informação sobre a visita ao Brasil da relatora especial das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas - Victoria Toli-Corpuz. Durante sua estadia no país, entre os dias 07 e 17 de março, ela vai percorrer além do Pará, os estados do Mato Grosso do Sul e Bahia. A ideia é identificar e avaliar as principais questões enfrentadas pelos povos indígenas brasileiros. Victoria Tauli-Corpuz vai se reunir com representantes de governo, de organizações da sociedade civil que atuam em prol dos direitos dos povos indígenas; além de funcionários da ONU. Estão previstas ainda visitas a comunidades indígenas.