Tarde Nacional fala dos desafios no tratamento do alcoolismo

O Tarde Nacional - Amazônia desta segunda-feira (18) falou sobre as dificuldades de quem convive com o alcoolismo. O entrevistado foi o professor da Universidade de São Paulo (USP), Erikson Furtado. Ele é coordenador do Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, em São Paulo.

Ele explicou como o álcool age no sistema nervoso central e lembrou que se trata de uma substância psicoativa, que poderia ser comparada até com alguns medicamentos em função do efeito que causa. "Pro remédio a gente tem uma bula, que informa a indicação, os efeitos adversos, os efeitos colaterais. Onde está a bula do álcool? Onde o indivíduo pode se informar sobre o que ele causa, quais as consequências e limites do seu uso? ".

Segundo o psiquiatra, o consumo excessivo de álcool pode estar relacionado com fatores biológicos e genéticos: quem tem membros na família com esse problema, tem aumentado o risco de desenvolver a dependência. Além disso, o uso abusivo envolve muitos aspectos culturais, sociais, tradições e hábitos. De acordo com Furtado, filhos de pais alcoolistas, além de carregarem o risco genético, estão sujeitos a terem mais problemas de sintomas psiquiátricos, relacionados à ansiedade, depressão e outros.

Ele explicou como se dá o tratamento medicamentoso e psicológico da dependência, falou sobre as possíveis recaídas e sobre a importância de vencer o preconceito para o sucesso da recuperação do indivíduo. "Primeiro as pessoas tentam parar sozinhas e geralmente não conseguem. A grande maioria não entende que a dependência é uma doença e deve ser tratada no sistema de saúde. Um tratamento bem sucedido exige a adesão do indivíduo. Não é o tratamento de um dia, uma hora, uma consulta. É preciso acompanhamento. E esse 'querer se tratar' deve ser trabalhado pelo médico".

Ouça a entrevista completa no player abaixo:

O programa Tarde Nacional - Amazônia vai ao ar de segunda a sexta-feira, de 13h às 16h, na Rádio Nacional da Amazônia. A apresentação é de Juliana Maya.