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O desafio humorístico de Noel Rosa no rádio dos anos 1930

Quadro "O rádio faz história" traz relato pouco divulgado dos "altos e

O quadro "O rádio faz história" de 28 de setembro de 2015 aborda o trabalho de Noel Rosa na Rádio Club do Brasil, em 1935 e 1936, com seu grande amigo Henrique Foréis Domingues, o "Almirante".

 

Noel sofria de tuberculose e tentou se tratar em Belo Horizonte. Outros ares, pouca cerveja e cigarro e nenhuma farra. Noel voltou para o Rio mais gordo e parecia que iria entrar nos eixos. Mas a história mostrou que não. Ao voltar para a bebida e boemia, Noel viria a morrer em maio de 1937, antes de completar 27 anos.

 

Noel já tinha trabalhado na Rádio Philips, com Adhemar Casé, e cantado em várias estações no começo dos anos 1930. Quando o compositor aceitou o convite de Almirante, em 1935, a Rádio Club do Brasil funcionava na Rua Bittencourt da Silva, 21, esquina com o Largo da Carioca, Centro do Rio. Era vizinha do jornal O Globo e do Café Nice, famoso ponto de encontro dos "comprositores", os "espertos que compravam sambas dos pobres e verdadeiros sambistas", como destaca Rose Esquenazi.

 

A primeira função de Noel na Rádio Philips era cuidar da parte financeira dos músicos, resolvendo os cachês. Mas o trabalho era muito burocrático e Almirante passou a lhe dar outra função. Noel deveria escrever esquetes humorísticos, com piadas copiadas de antigos almanaques.

 

O quadro se chamava "Conversa de Botequim".  As anedotas não eram burocráticas, mas também não correspondiam ao talento do compositor.  Em seguida, foi escalado para escrever outros formatos humorísticos.

 

Noel adorava fazer paródias e até do Hino Nacional ele criou uma brincadeira. É claro que não foi bem recebida. Existiram outras composições famosas que viraram paródias, dedicadas, por exemplo, à figura do prestamista, o vendedor geralmente estrangeiro que ia de porta em porta vender toda a sorte de produtos.

 

Noel passou a colaborar na programação, até que escreveu duas revistas radiofônicas, também conhecidas como “óperas bufas cariocas”. Chamaram-se 'O barbeiro de Niterói' e 'Ladrão de galinha'. Na primeira, Noel se refere ao O Barbeiro de Sevilla, ópera de Rossini, de 1816. Só que o personagem era diferente: um bicheiro vira herói e não vilão. Havia o português explorador e a mulata bonita. A segunda peça, Ladrão de Galinha, o jornalista João Máximo ilustra com uma raridade em forma de manuscrito com a letra do próprio Noel: "quem roubou o meu capão de estimação? Foi ele. Quem abriu o meu portão para o ladrão?  Foi ela..."

 

A peça "A noiva do condutor", com letras de Noel, fez sucesso nos anos 1930 e voltou a ser apresentada no Rio de Janeiro.  Ficará em cartaz até o dia 13 de dezembro no Centro Cultural Correios, no Centro do Rio. A opereta é dirigida por Djalma Thürler e tem no elenco Marcelo Nogueira, Izabella Bicalho e Rodrigo Fagundes.

 

Com colaboração da professora da PUC-RJ e jornalista Rose Esquenazi (www.radionahistoria.blogspot.com.br), quadro "O rádio faz história" do programa Todas as Vozes  mostra trechos dos sucessos "Tudo pelo teu amor", com Grande Otelo e Marília Pera; "Pesado 13";"'Foi ele"; "Tipo zero", da ópera "A noiva do condutor"; e "Cansei de implorar".

 

Acompanhe, no player, o quadro completo.

 

Todas as Vozes vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h20 às 10h, na Rádio MEC AM do Rio de Janeiro - 800 kHz, com apresentação do jornalista, professor e radialista Marco Aurélio Carvalho.



Criado em 28/09/2015 - 19:07 e atualizado em 28/09/2015 - 16:22

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