No ano do centenário do samba, o Bossamoderna deste domingo (17) aborda mais um de seus subgêneros, o samba de enredo, a propósito de duas datas históricas que se avizinham, a do descobrimento do Brasil e a morte do mártir da Inconfidência Mineira, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
O carioca Luiz Gonzaga Jr, o Gonzaguinha, satiriza o descobrimento em seu “Desenredo – Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos do Pau Brasil”, parceria com Ivan Lins. Samba enredo do Salgueiro, de 1950, “Os mártires da Independência”, de Noel Rosa de Oliveira e Anescarzinho, desfila na voz de Claudia Regina.
E outra Regina, a gaúcha Elis, engata a obra prima “Exaltação a Tiradentes”, de 1949, dos imperianos serranos Décio Antonio Carlos, o Mano Décio, Estanislau Silva e Penteado. Também do Império Serrano, de 1969, outro épico com as assinaturas de Mano Décio, Silas de Oliveira e Manoel Ferreira, “Heróis da liberdade”. Canta João Nogueira.
Consagrado pela escola que lhe valeu o sobrenome artístico, Martinho da Vila emplacou na Unidos da Vila Isabel, em 1972, o impávido “Onde o Brasil aprendeu a liberdade”, que o pernambucano Lenine regravou em faixa do disco “Aula de samba – A história do Brasil através do samba enredo”, de 2008. Dele, também é o clássico de Padeirinho da Mangueira, “O grande presidente”, de 1956, com a maranhense Alcione.
Parceria de Edu Lobo e Chico Buarque, o tema central do musical “Doutor Getúlio, sua vida e sua glória”, de Dias Gomes e Ferreira Gullar, de 1968,” é cantado por Beth Carvalho. Da escola de samba Unidos de Lucas, de 1968, “Sublime pergaminho”, de Nilton Russo, Zeca Melodia e Carlinhos Madrugada, introduz a temática da escravidão nesta edição samba enredo do Bossamoderna. Canta Emilio Santiago. “O Rio Grande do Sul na festa do preto forro”, de Dario Marciano e Nilo Mendes, da escola Unidos de São Carlos, de 1972, é recantado pelo também carioca Wilson Simonal.
Sambista e historiador, o carioca Nei Braz Lopes narra “A epopeia de Zumbi”, em faixa de seu disco “Negro mesmo”, de 1983. Em parceria com Wilson Moreira, Nei escreveu “Noventa anos de abolição”, que a dupla gravou em seu disco “A arte negra de Wilson Moreira e Nei Lopes”, de 1980. A mesma dupla autoral dedicou “Ao povo em forma de arte”, outro enredo da dissidente escola Quilombo. Canta o campista Roberto Ribeiro.
O samba de enredo ultrapassou o âmbito das escolas para contagiar autores da chamada MPB, como ouvimos ao longo do programa. E ouviremos mais uma vez agora, no memorável “Mestre sala dos mares”, de João Bosco e Aldir Blanc. A porta estandarte é Elis Regina. E o programa fecha com outro samba enredo de emepebistas, Chico Buarque e Francis Hime decretaram: “Vai passar”. Leila Pinheiro repassou com garbo e leveza o recado.
Bossamoderna vai ao ar todo domingo às 22h na MEC FM Rio. Envie seus pedidos de músicas, participação ou informações da programação também pelo Whatsapp (21) 99710-0537.