Bossamoderna deste domingo (29) é dedicado ao centenário do samba, e destaca o sambalanço, estilo que floresceu entre os anos 1950 e 1960. Assunto de livro a ser publicado, “Sambalanço, a bossa que dança”, continua gerando descendência.
Ed Lincoln elege a “Miss balanço”, composição de Helton Menezes. O organista cearense Lincoln começou no contrabaixo, num trio ao lado do pianista da bossa nova Luis Eça, que depois formaria o Tamba trio. Deste participava, ao violão, o compositor carioca Durval Ferreira, que atuou nos dois movimentos, como atesta seu sambalançante “São Salvador”, parceria com Aglaê, que o próprio autor gravou em seu único disco solo “Batida diferente”, de 2004.
Quem iniciou o sambalanço, pontuado pelo som do órgão e do solo vox, foi outro Ferreira carioca, Djalma Ferreira, líder do conjunto Milionários do Ritmo. Com o grupo, despontou o crooner Miltinho, futuro ídolo nacional, que interpreta “Cheiro de saudade”, de Djalma e Luis Antonio.
Precursora das discotecas, a dançante boate Drink, de Djalma Ferreira, em Copacabana, no Rio, foi celeiro de talentos. Um dos que começou lá foi o cantor carioca Wilson Simonal. “Tem que balançar”, de seu descobridor, Carlos Imperial, foi gravada com o conjunto da boate liderado por Américo Cerqueira e a revelação de outro organista, Celso Murilo. Mineiro de Baependi, Celso conjuga sambalanço de órgão e piano em “Volta”, de Djalma Ferreira e outro de seus crooners, o pernambucano Luiz Bandeira.
Rival de Djalma em sua boate igualmente dançante, o Arpège, também em Copacabana, no Rio, o mineiro Waldir Calmon transformou o samba exaltação “Na cadencia do samba”, de Luiz Bandeira, num clássico do sambalanço e do esporte, a partir de sua inclusão no noticioso “Canal 100”, de Carlos Niemeyer.
Outra das raízes do sambalanço foi o samba exaltação, em especial a louvação ao próprio samba, como o faz a diva Elza Soares, em “Teleco-teco no. 2”, do maestro trombonista Nelsinho. Foi Elza também quem lançou outro clássico do movimento. “Boato”, de João Roberto Kelly.
E já que o sambalanço se escuda no ritmo, os bateristas também são protagonistas. O fluminense de Campos, Jadir de Castro acrescentou um molho caribenho de tumbadoras a “Porquoi? (Essa nega sem sandália), parceria dele com Caco Velho.
Os compositores Haroldo Barbosa, carioca e Luis Reis, maranhense, confecionaram vários clássicos do sambalanço, como “Palhaçada”, na interpretação característica de Miltinho. Outro pilar do sambalanço é o compositor e cantor catarinense Orlandivo, ouvido no início do programa no falsete do refrão “Miss balanço” com o grupo de Ed Lincoln, que o acompanha no originalíssimo sucesso de estreia, “Samba toff”, parceria com Roberto Jorge.
De Orlandivo também é “Tamanco no samba”, parceria com Helton Menezes, que ele regravou em seu mais recente disco, “Sambaflex”, de 2006. Também do núcleo sambalançante do selo Musidisc é o cantor e compositor mineiro Silvio Cesar, autor e interprete de “O que eu gosto de você”.
A onda do balanço contagiou até dois aplicados hitmakers, Roberto e Erasmo Carlos: “Moço, toque balanço”, com os ídolos vocais da Jovem Guarda, Golden Boys. E o sambalanço continua vivo, como demonstra o disco homenagem “Miss balanço”, gravado em 2010, por Clara Moreno, filha da cantora e compositora Joyce. Dele, é outro clássico do estilo, “Deixa a nega gingar”, do compositor mineiro Luiz Claudio.
E este sambalançante Bossamoderna fecha num curioso encontro do sambalanço com o rap. A potiguar Roberta Sá e o carioca Marcelo D2 quebram tudo no “Samba do balanço”, mais uma da dupla Haroldo Barbosa e Luis Reis.
Bossamoderna vai ao ar todo domingo às 22h na MEC FM Rio. Envie seus pedidos de músicas, participação ou informações da programação também pelo Whatsapp (21) 99710-0537.