O especial da Rádio Nacional faz nesta edição o balanço de um dos inventores da moderna canção brasileira: Jorge Ben, que faz aniversário nesta quarta (22). Lendas iorubás, histórias em quadrinhos, samba de raiz, contos árabes, ficção científica — difícil enumerar os ingredientes do caldeirão musical desse filho de Ogum e salgueirense.
Como sua escola de coração, Jorge Ben Jor se define pela diferença ao longo dos 50 anos de carreira fonográfica. Nascido Jorge Duílio Lima Meneses, revelado Jorge Ben no beco das garrafas, Jorge Ben Jor por conta de brigas por direito autoral, sempre Jorge, devoto do Santo e rubro-negro apaixonado. Ben Jor montou desde a adolescência, na Tijuca, um estilo singular. Não por acaso, com seu samba esquema novo, foi um dos únicos artistas a trafegar entre os rivais Jovem Guarda e Fino da Bossa.
Mais um cantor e compositor da safra de 1942, como os baianos Gil e Caetano. O carioca Jorge Ben Jor traçou um caminho sempre na primeira pessoa, mas aberto a parcerias e ouvido atento às novidades. Venham das raízes africanas, dos ramos brasileiros ou das ondas do rádio, o cartão de visitas mais que nada incorporam instrumental jazzístico da bossa nova a um balanço mais marcado, mais africano, trazido dos morros do Rio.
Não por acaso encantou músicos de gerações sucessivas aqui e no outro destino da diáspora negra, terra de Tio Sam. Sérgio Mendes e Black Eyed Peas que o digam.