A Rádio Nacional da Amazônia estreou, neste sábado (4), a série Identidade Ancestral, um especial em formato de podcast que aborda diferentes aspectos da luta e identidade dos povos indígenas, por meio da voz dos próprios indígenas.

O primeiro episódio do especial Identidade Ancestral traz o contexto histórico dos povos indígenas antes e depois de 1500.

Segundo Álvaro de Azevedo Gonzaga, da etnia Guarani-Kaiowá, professor de Direito da PUC São Paulo, o início da história acontece muito antes do colonizador chegar ao Brasil: "O início da história não se dá com a invasão. O fim da história indígena, de apogeu, muitas vezes pode ser entendido com essa invasão”.

“Os estudos arqueológicos, antropológicos, linguísticos, históricos nos dizem que, em 1500, existia uma população de mais de dez milhões de pessoas que ocupavam esse lugar que apelidaram de Brasil, formavam um grupo de aproximadamente 1.200 línguas diferentes e compunham centenas de povos diferentes", afirmou Edson Kayapó, professor do Instituto Federal da Bahia.

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Em formato de podcast, a primeira temporada do Identidade Ancestral contou com 13 episódios, que estão disponíveis site das Rádios EBC (clique para ouvir). Os episódios falaram sobre os povos indígenas antes e em 1500, violência e resistência, demarcação de terras, retomada territorial, desintrusão, movimentos indígenas, indígenas na política, indígenas em contexto urbano, indígenas isolados ou sem contato, línguas indígenas, uso das tecnologias, influenciares e comunicadores indígenas e expressões artísticas dos povos indígenas.

Este episódio teve depoimentos de (por ordem alfabética):

Álvaro de Azevedo Gonzaga, indígena da etnia Guarani-Kaiowá, é professor da Faculdade de Direito da PUC-SP (atua na graduação, mestrado e doutorado). Ensina na área de Filosofia do Direito, Direito Antidiscriminatório, Teoria Geral do Estado, Ciência Política e Ética Profissional. No Direito Antidiscriminatório, tem focado a questão indígena. É graduado em Direito e Filosofia, mestre e doutor e livre docente em Filosofia do Direito. Tem três pós-doutorados: pela Universidade Clássica de Lisboa, pela Universidade de Coimbra e também pela Universidade Federal da Grande Dourados - esse último, o estágio pós-doutoral foi em História, Identidade e Regiões, especificamente na temática de história indígena.

Casé Angatu mora na Terra Indígena Tupinambá, de Olivença, que fica em Ilhéus (BA), e é do povo Xukuru, de Palmeira dos Índios. É professor universitário na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC/Ilhéus-BA) e na Pós-Graduação em Ensino e Relações Étnico-Raciais da Universidade Federal do Sul da Bahia (PPGER/UFSB). É escritor, historiador e doutor pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP).

Edson Kayapó é pertencente ao povo conhecido como Kayapó, mas cujo nome originário é Mebêngôkre. É ativista do movimento indígena no Brasil e faz parte do Parlamento Indígena. Também é professor no Instituto Federal da Bahia, onde dá aula em uma licenciatura intercultural indígena (um curso de formação para professores indígenas em nível superior). Edson Kayapó também é docente credenciado no Programa de Pós-Graduação em Ensino e Relações Étnico-Raciais da Universidade Federal do Sul da Bahia. Atua como consultor em projetos vinculados ao povos indígenas junto à Organização Internacional do Trabalho (OIT), agência ligada à Organização das Nações Unidas (ONU) - projeto Àwúre. Também está participando como curador de arte no Museu de Artes de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp).