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Especial deste domingo faz homenagem a Delcio Carvalho, nascido há 85 anos

Neste programa, composições inesquecíveis, histórias de vida, a memoria do samba

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No AR em 17/03/2024 - 13:00

Vinicius de Moraes, poeta e letrista de algumas das músicas brasileiras mais tocadas em todo o mundo, escreveu em uma de suas canções que o samba é a tristeza que balança. Definição que casa certinho com o começo da trajetória musical de uma das mais longas e produtivas parcerias da música brasileira: Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho. Primeira música a levar a assinatura da dupla é 'Derradeira Melodia', composta no dia da morte de Silas de Oliveira. Morto em 1972, o bamba do Império Serrano era parceiro de Dona Ivone no primeiro samba-enredo assinado por uma mulher, Cinco Bailes da História do Rio. Na tradição de muitas culturas africanas, das quais o samba é herdeiro e guardião, a música e a bebida se misturam no gurufim, para que a lembrança de quem parte seja mais alegre para quem fica.

Nascida em meio ao luto, a parceria de Délcio e Dona Ivone ficaria marcada pela celebração do amor e da alegria, que fazem a vida valer a pena. Filho de músico, Délcio Carvalho tocava violão e cavaquinho. Nas canções mais conhecidas, com a parceira Dona Ivone Lara, contudo, Délcio é o letrista. Essa divisão de trabalho foi respeitada na maior parte das mais de 150 composições deixadas pela dupla. Reflete o talento de uma melodista formada nas rodas de samba e no convívio com o canto orfeônico de Villa-Lobos, mas também a destreza do campista com as palavras. Como nos casamentos que resistem ao desgaste do cotidiano, é difícil imaginar um sem o outro. Delcio, contudo, tinha mais de uma década no Rio, sempre no samba, antes do encontro musical com Dona Ivone.

Nem a morte, em 2013, por causa de um câncer, foi capaz de interromper um ciclo extremamente produtivo da obra do compositor. Pelo selo Rádio MEC, em 2014 foi lançado o CD póstumo “Lado D de Delcio Carvalho – Parcerias com Ivone Lara”. Finalizado oito meses antes da morte de Delcio, o album dirigido por Afonso Machado, do Galo Preto, incluiu uma espécie de testamento musical. Nas vozes de Dona Ivone Lara e de Paula Toller, um samba com um nome que resume bem a trajetória de cada um dos parceiros de mais de trinta anos em canções memoráveis.

Criado em 17/03/2024 - 13:00

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