Antes de ser reconhecida nacionalmente como a "rainha do carimbó chamegado", a cantora e compositora paraense Dona Onete dedicou sua vida à educação. Foi professora de História e Estudos Paraenses, secretária de Cultura do município de Igarapé-Miri, e atuou ativamente nos movimentos sindicais - inclusive durante a ditadura militar. Esse rico período da trajetória da artista é o tema da dissertação de mestrado "Entre Banzeiros e Remansos: Memórias da Professora Ionete da Silveira Gama", escrita pela pedagoga Josivana de Castro Rodrigues, neta de Dona Onete.
Josi, como é carinhosamente chamada pela avó, mudou-se em 1999 para a casa de Onete, em Belém, onde concluiu seus estudos e formou-se em Pedagogia. Em 2023, conquistou o título de Mestre pela Universidade Federal do Pará (UFPA). A pesquisa para a dissertação começou quando descobriu um verdadeiro tesouro: três malas cheias de documentos, escritos, fotos e todo tipo de recordações que Onete guardou durante os anos de magistério.
Em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia, a pedagoga explica que o trabalho acadêmico mostra apenas uma parte desse tesouro, e afirma que vai continuar a divulgar as contribuições da avó na área da educação. Além de revelar detalhes sobre a trajetória de Dona Onete como professora, Josivana propõe uma metodologia de ensino que valorize os saberes tradicionais, com base nas músicas e histórias cantadas e contadas por Onete em sala de aula.
