Diante de uma educação que não era voltada para a cultura do seu próprio povo, a indígena Eliane Boronepá, da etnia Umutina, se viu desafiada a devolver o orgulho da cultura ao seu povo. Ela se tornou, há cerca de um mês, a primeira mulher indígena a ter o título de doutora em antropologia, pela Universidade de Brasília. Para Eliane, ocupar o ambiente acadêmico é uma forma de se posicionar, politicamente, a favor do movimento indígena.
A tese defendida, em julho deste ano, pela agora doutora Eliane Boronepá, trata justamente sobre a cultura indígena na educação escolar. Mas Eliane encontrou uma forma de contribuir para a manutenção da cultura de seu povo, não apenas com a tese.
Ela é professora em uma escola lá na comunidade de Umutina, a 15 quilômetros da cidade Barra do Bugres, em Mato Grosso.
Para Eliane, ter uma escola que leva para os estudantes a importância dos saberes tradicionais é uma forma de fortalecer a cultura e uma oportunidade que ela não teve enquanto criança.
Eliane agora serve de exemplo para outros indígenas que têm oportunidade de ingressar na UnB.
Hoje, o território em que ela vive possui cerca de 600 indígenas, de nove etnias diferentes. Eliane é formada em Ciências Sociais, pela Universidade estadual do Mato Grosso e é especialista em educação indígena. Assim como no doutorado, defendeu o mestrado pela UnB, na área de sustentabilidade de povos tradicionais. O resultado? Uma dissertação que virou livro, publicado no ano passado.
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