10 de julho de 1884. Quase quatro anos antes da Princesa Isabel sancionar a Lei Áurea, a província do Amazonas declarava a abolição da escravatura. O documento foi assinado pelo governador Theodoreto Souto, mas é reflexo da luta de várias comunidades negras e abolicionistas do norte brasileiro. Entre elas, as comunidades quilombolas localizadas às margens do Rio Andirá, no baixo Amazonas.
Maria Amélia Castro faz parte de uma dessas comunidades. Ela é bisneta do fundador, Benedito Rodrigues da Costa, que veio de Angola para o Brasil na condição de escravo, traficado por portugueses e espanhóis. Benedito teria fugido a nado pelos rios do Amazonas. Maria Amélia completa 58 anos, neste 13 de maio e, apesar da abolição da escravatura no Amazonas ser anterior a essa data, ela considera o marco importante para a luta negra como um todo.
As cinco comunidades quilombolas do Rio Andirá possuem escolas onde é obrigatório o ensino da história negra no Brasil. Adriane Nogueira, de 20 anos, estudou em uma delas e agora tenta passar no vestibular para medicina. Neta de Maria Amélia e descendente de Benedito, ela quer levar adiante o conhecimento que recebeu dos mais velhos.
A comunidade quilombola do Muquém, em Alagoas, também luta para ensinar às novas gerações a história de resistência pela liberdade. Muquém fica ao lado da Serra da Barriga, onde durante quase 100 anos resistiu o quilombo dos Palmares. As crianças e adolescentes da comunidade participam de projetos de capoeira, percussão e dança. Thaís Patrícia Paulino, mais conhecida como Dandara, faz parte dos cursos de dança e já trabalha como guia de turismo.
Quase 200 anos, antes do 13 de maio de 1888, Zumbi dos Palmares foi morto em Alagoas. Desde o ano passado, o quilombo liderado por ele é considerado Patrimônio Cultural do Mercosul como marco de luta pela liberdade.
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