Os dados estão no Caderno Conflitos no Campo Brasil, organizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e divulgado nesta segunda-feira (4).
O ano de 2017 foi de quebra de recordes referentes à violência no campo. Foram 71 assassinatos, dez a mais que em 2016 e o maior número dos últimos 14 anos. Na comparação com 2014, foram 35 mortes a mais por conflitos agrários, praticamente o dobro.
As chacinas, que já fazem parte da realidade das cidades, também foram registradas no campo no ano passado. Cinco delas foram responsáveis por 44% das mortes do relatório. As de Pau D’Arco, no Pará, e de Colniza, em Mato Grosso, foram as que mais mataram.
Além do aumento no número de assassinatos, outras violências também cresceram. Em relação a 2016, as tentativas de homicídio aumentaram em mais de 60% e as ameaças de morte, em 13%. Se somadas todas as ocorrências, o número chega perto de mil.
A maioria dos crimes ocorreu nos estados da Amazônia Legal. O Pará lidera o ranking de assassinatos. Para Polliana Soares, do Acampamento Hugo Chávez, no município de Marabá, de onde famílias foram despejadas em dezembro, relata o que os dados sobre conflitos no campo representam na ponta, no local onde as violências são vivenciadas.
Para a Comissão Pastoral da Terra, o aumento da violência no campo está relacionada à ruptura política vivida pelo Brasil em 2015, com a troca de comando do executivo federal e das pautas do Congresso Nacional.
A Comissão também destaca que o corte no orçamento de órgãos de fiscalização e de promoção de políticas públicas para trabalhadores rurais, como o Incra, também ajudaram a impulsionar a violência.
Sobre os dados divulgados pela CPT, a Ouvidoria Nacional Agrária afirmou que é fundamental a instalação de mais núcleos especializados na área agrária nas Polícias Civis e Militares, Promotorias, Defensorias e Tribunais de Justiça nos estados para enfrentamento dos casos de violência no campo.
Como medida de prevenção a conflitos no campo, o Incra informou que promoveu em 2017 a criação de 25 novos projetos de assentamento, com área total de mais de 41 mil hectares e capacidade de assentamento de 1.600 famílias.
O Ministério Extraordinário da Segurança Pública também foi procurado para comentar o relatório, mas até o fechamento desta reportagem, não tivemos retorno.
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