Parte dos imigrantes venezuelanos que estavam em Pacaraima durante os episódios de violência da última semana estão em Boa Vista tentando superar o que aconteceu.
Um dos abrigos da capital de Roraima, o Rondon, recebeu cerca de 100 imigrantes que vieram de Pacaraima. A maioria tentava regularizar os documentos para seguir viagem e foram surpreendidos pelos protestos, quando parte da população local colocou fogo nos pertences dos imigrantes.
Muitas pessoas perderam tudo. O venezuelano Tomas Planez, de 61 anos, disse que estava tirando os documentos quando começou a confusão e ele só pode sair do prédio dois dias depois, quando encontrou todos os pertences queimados.
A população local reclama que o aumento do fluxo migratório tem prejudicado a qualidade de vida e os serviços públicos. 10 abrigos em Roraima atendem cerca de 6 mil imigrantes, mas estima-se que outros milhares estejam pelas ruas da capital e de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.
Uma equipe interministerial esteve em Roraima para avaliar ações para conter a crise imigratória no estado. O governo federal anunciou reforços na segurança; a criação de um novo abrigo entre Pacaraima e Boa vista e o aumento no número de interiorizações.
A expectativa é que mil imigrantes sejam deslocados para outros estados até o início de setembro. De fevereiro até hoje, 820 venezuelanos já foram transferidos. Mas o número é considerado baixo. O coordenador da ONG Fraternidade Internacional, Ricardo Rinaldi, que administra alguns abrigos de venezuelanos, conta que há muita gente que não consegue vaga nos abrigos.
O governo enviou mais 60 profissionais da Força Nacional de Segurança. Ao todo serão 151 servidores da Força Nacional no controle das fronteiras. O secretário do ministério da Segurança Pública, Flávio Basílio, acredita que o episódio em Pacaraima não deve reduzir a ajuda humanitária que o Brasil está promovendo.
A crise imigratória foi agravada após os episódios de violência em Pacaraima, onde brasileiros perseguiram e expulsaram venezuelanos de acampamentos improvisados depois que um comerciante local foi assaltado e agredido supostamente por pessoas do país vizinho.
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