O Revista Brasil entrevistou a pneumologista Margareth Dalcomo, da Fiocruz, sobre a Covid-19. Ela explicou que a decretação do estado de calamidade pública, pedida pelo Executivo e aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, facilita a adaptação das unidades de atendimento, por tornar mais ágil a compra de equipamentos e a contratação de pessoal especializado. A especialista reafirmou a previsão de que, até o final de abril, chegaremos ao pico da expansão da doença no país. Somente então, poderá se projetar uma desaceleração do número de novos casos, como se está assistindo na China, país onde se originou a pandemia. Para isso, é fundamental a adesão da população aos esforços para limitar a circulação, freando com isso o ciclo do contágio e dando tempo ao SUS, Sistema Único de Saúde, para preparar o atendimento em escala inédita na história recente do Brasil.
O isolamento social é a arma mais eficaz para deter a doença, conclui. A especialista aprovou as medidas de contenção adotadas pelo governo do estado do Rio de Janeiro e pela prefeitura da capital fluminense, mas chamou a atenção para a eventualidade de tomar novas medidas, mais duras, para tornar mais lento o contágio. Caso contrário, é enorme o risco de um colapso no sistema de saúde. Mesmo se mostrando confiante na capacidade de o país superar esse desafio com as diferentes esferas de governo e a sociedade atuando de forma organizada, Margareth Dalcomo enfatizou o rápido crescimento da contaminação. Em 80% dos casos, os sintomas são leves, como os de um resfriado comum, mas o número de internações demandado pelos pacientes mais graves vai exigir máxima eficiência no planejamento e na execução dos atendimentos. Ouça agora o depoimento da doutora, e sua ênfase na necessidade de limitar a circulação de pessoas.