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Pesquisa aponta que novo coronavírus infecta e se replica em glândulas salivares

Professor da USP explica sobre o estudo e os resultados já publicados em revista científica

Tarde Nacional - Amazônia

No AR em 12/07/2021 - 13:30

Uma pesquisa, realizada por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) com o apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), publicada no Journal of Pathology, constatou que o novo coronavírus infecta e se replica em células das glândulas salivares.

Para conversar sobre o estudo, o Tarde Nacional - Amazônia conversou com o professor do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP, Luiz Fernando Ferraz da Silva. Segundo ele, o estudo se deu no princípio da covid-19 no Brasil, quando o Hospital das Clínicas se tornou centro de referência de tratamento, recebendo muitos pacientes.

No decorrer da pandemia alguns destes pacientes faleceram e, a partir disso, o departamento realizou algumas biópsias desses pacientes, coletando materiais do corpo, assim como da glândula salivar. De acordo com Fernando, na saliva existe parte da secreção respiratória que se mistura para formar a saliva, dessa forma, identificou-se a possibilidade da glândula salivar servir como um reservatório para o vírus, onde a célula infectaria e se replicaria, aumentando a carga viral na saliva, e tornando o processo mais contaminante.

“A partir desse material a gente conseguiu fazer exames para identificar proteínas do vírus dentro da célula, e analisar por PCR e usando microscopia eletrônica, o que possibilitou a gente identificar as partículas virais dentro das células das glândulas salivares”, conta Luiz.

O professor explica que o estudo traz uma confirmação importante da via de contágio, e explica toda a contagiosidade pelas gotículas, o que reforça as orientações das agencias sanitárias e organizações da saúde para o uso de máscara, mesmo nos indivíduos que são assintomáticos.

“A gente não precisa estar só espirrando para eliminar essas secreções. Quando a gente fala, gotículas dessa saliva se espalham. Então o uso de máscara é importante, e isso traz como um apoio adicional para esse processo, uma explicação fisiopatológica para justificar esse uso adicionalmente”, afirma o professor.

Luiz conta que a partir de agora, o estudo segue analisando como essas células das glândulas salivares reagem ao coronavírus. Os pesquisadores estão avaliando a expressão de receptores nas células que possam favorecer uma passagem do vírus para dentro da glândula, e da glândula para a corrente sanguínea, o que pode explicar os efeitos sistêmicos.

Ouça a entrevista completa no player acima. 

Tarde Nacional - Amazônia vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 13h às 15h, na Rádio Nacional da Amazônia. A apresentação é de Juliana Maya.

Criado em 12/07/2021 - 17:29

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