O Terreiro da Gomeia, no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, foi tombado após a aprovação de uma lei na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), sancionada pelo governador em exercício Claudio Castro.
O templo foi erguido no final da década de 40 pelo Babalorixá baiano Joãozinho da Gomeia. Na época, ele já era conhecido como o Rei do Candomblé, por realizar um importante trabalho de divulgação da religião de matriz africana, apesar da visibilidade ter provocado polêmica na época.
O babalorixá foi o primeiro a falar sobre as cerimônias e crenças da religião de forma aberta para grandes jornais e revistas e também chamou a atenção por não esconder a sua homossexualidade.
Para a autora do projeto, a deputada Mônica Francisco, do PSOL, o tombamento reconhece essa história e é também uma forma de enfrentar o racismo religioso.
A fama de Joãozinho da Goméia fez com que o terreiro fosse frequentado por inúmeras figuras influentes da época entre artistas e políticos. Relata-se que até mesmo o presidente Getúlio Vargas era atendido pelo babalorixá. Após a morte dele em 1971, o terreiro passou a ser administrado por uma de suas filhas de santo, mas encerrou suas atividades em 1980.
A família religiosa de Joãozinho da Goméia, no entanto, foi uma das articuladoras para o tombamento do espaço, que por pouco não foi totalmente destruído para a construção de uma creche municipal, há alguns meses.
A história do líder religioso foi tema do enredo da escola de samba Grande Rio, no carnaval do ano passado.
Ouça a reportagem de Tâmara Freire clicando no player.