Em 1994, uma turma de jovens do Recife criou um disco que se transformou em um movimento musical. Estamos falando do Manguebeat, liderado por Chico Science e o grupo era o Nação Zumbi. O som misturava samplers, guitarras pesadas com ritmos tradicionais de Pernambuco e letras sobre a realidade brasileira. Algo totalmente novo.
O disco foi analisado pelo jornalisa e crítico musical José Teles e virou livro "Da lama ao caos: Que som é esse que vem de Pernambuco"(Edições Sesc). Enquanto escreve a biografia de Chico Science, Teles se debruçou sobre o disco e analisou a relação entre a vida do artista e sua obra. Ele é o convidado desta edição do Arte Clube.
Ao mesmo tempo em que trazia a bagagem da cultura popular, Chico Science também se interessava pela música eletrônica. O músico passou por diversas fases, sempre em busca de expressar sua essência. O jornalista conta que o Manguebeat não é bem um movimento, mas uma troca de ideias e influências de uma mesma geração.
O disco Da Lama ao Caos impactou a música brasileira com sua visão nova sobre o tradicional e o moderno. Apesar disso, José Teles ressalta que o álbum foi mais influente do que popular, e frustrou as gravadoras, que queriam encontrar um novo estilo musical como o axé music.
José Teles é colunista de música do Jornal do Commercio, de Recife, desde 1987, foi testemunha privilegiada do nascimento do álbum e da cena manguebeat. No livro, Teles entrevista músicos, produtores, empresários, diretores de gravadoras, designers, fotógrafos e jornalistas para recontar a história e os bastidores do disco que colocou Recife no centro da cena cultural dos anos 1990.