A atriz, diretora e autora paranaense Denise Stoklos conversou com o Arte Clube sobre seu novo espetáculo solo, Carta ao Pai, que terá apenas três apresentações no Rio de Janeiro, nos dias 14, 15 e 16, na Caixa Cultural. O texto foi escrito pelo autor tcheco Franz Kafka ao pai dele, denunciando seu autoritarismo e opressão. A carta nunca chegou a ser enviada, mas se tornou conhecida por sua contundência e valor literário. "Nesta montagem, o filho, espancado moralmente, é o povo brasileiro. E o espancador moral é o sistema capitalista, onde o ser humano é o que tem menos valor. O pai é esse sistema, governo e Estado. E o filho é o povo", explica Denise.
Na entrevista ao jornalista Jansem Campos, Denise também fala sobre a atualidade do texto. "Quem não conhece relações de uma personalidade, um pai, um sistema, instituição, uma entidade, um estatuto regimental severo e repressor como os nossos governos, baseados em capital, em sistemas patriarcais, onde a mulher não é vista da mesma forma, onde há preconceitos de todas as espécies? O texto é sobre hoje e sobre nossas questões de agora", afirma.
Denise Stoklos completa 47 anos de carreira e reforça sua paixão pelo teatro. "Neste mundo de comunicações através de máquinas e computação, o teatro acaba sendo aquele primitivo - ao mesmo tempo futurista - lugar onde as pessoas ainda se encontrarão, gente viva com gente viva, e permanecerá ainda mais atual, por ser um dos poucos a oferecer essa possibilidade", conta a artista.
“Carta Ao Pai” fica em cartaz nos dias 14, 15 e 16 de maio, na Caixa Cultural, às sete e meia da noite. Logo após as apresentações, haverá debates com a plateia.
O programa Arte Clube vai ao ar de segunda a sexta, a partir das 18h05, pela rádio MEC AM.