O Caderno de Música deste domingo (6), pela série "Biografias", destaca a vida e a obra de Mario Castelnuovo-Tedesco, celebrando os 130 anos de seu nascimento.
Mario Castelnuovo-Tedesco nasceu em 3 de abril de 1895, em Florença, Itália, em uma família de ascendência judaica. Seu primeiro contato com a música veio por meio de sua mãe, que era pianista amadora e incentivou seus estudos musicais desde cedo. Demonstrando talento precoce, ele ingressou no Conservatório de Florença, onde estudou piano com Edgardo Del Valle de Paz e composição com Ildebrando Pizzetti, um dos grandes nomes da música italiana da época.
Um momento decisivo na trajetória de Castelnuovo-Tedesco ocorreu em 1932, quando conheceu o violonista espanhol Andrés Segovia. Esse encontro marcou o início de uma importante colaboração, levando o compositor a escrever inúmeras obras para violão, um repertório que se tornaria essencial para o instrumento. Estima-se que ele tenha escrito mais de 100 peças para violão, entre elas o célebre “Concerto para violão e orquestra em Ré maior, Op. 99”; “Os Violões Bem-Temperados” (inspirado na célebre coleção “O Cravo Bem-Temperado” de Bach); e os “24 Caprichos de Goya”, inspirados nas gravuras do pintor espanhol.
A identidade judaica de Mario Castelnuovo-Tedesco também exerceu forte influência sobre sua obra. Algumas de suas composições incorporam elementos da tradição musical judaica, como o Concerto para violino n.º 2 “Os Profetas”. No entanto, foi justamente sua origem que o colocou em uma situação delicada nos anos 1930, com a ascensão do fascismo na Itália e a imposição das leis raciais que restringiam a participação de judeus na vida pública e cultural do país.
Em 1939, devido à perseguição aos judeus na Itália, Castelnuovo-Tedesco decidiu deixar seu país natal, contando com a ajuda de Arturo Toscanini, renomado maestro e diretor do La Scala, e do famoso violinista Jascha Heifetz, que facilitaram sua mudança para os Estados Unidos. O compositor se estabeleceu em Los Angeles, onde iniciou uma nova fase de sua carreira como compositor de trilhas sonoras para Hollywood. Tedesco trabalhou para a Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) e colaborou em mais de 200 filmes, consolidando-se como um dos grandes compositores do cinema da época.
Embora seja amplamente lembrado por suas composições para violão e sua contribuição para o cinema, Castelnuovo-Tedesco também escreveu diversas obras para outras formações, incluindo óperas, balés, música de câmara e coral, além de concertos para variados instrumentos. Mario Castelnuovo-Tedesco faleceu em 16 de março de 1968, na Califórnia, aos 72 anos, mas seu legado permanece vivo tanto no repertório de concerto quanto no universo cinematográfico.
O Caderno de Música vai ao ar neste domingo, às 12h30, na Rádio MEC. Esta edição contou com a apresentação de Sidney Ferreira, com texto e produção de Carina Amorim.