Um "road movie" de impacto social e ambiental. A nova produção do cineasta Renato Barbieri, "Tesouro Natterer" (Gaya Filmes, 2023) apresenta a trajetória de Johann Natterer, naturalista austríaco que integrou a expedição da então Arquiduquesa Leopoldina ao Brasil em 1817. O longa documental concorrerá na categoria Competição Brasileira - Longas e Médias-Metragens, ao lado de mais seis produções, no Festival Internacional É Tudo Verdade de 2024 - o mais importante do país. A estreia mundial será no dia 6 de abril, em São Paulo, e no dia 8 de abril, no Rio de Janeiro.
Natterer foi o naturalista estrangeiro que mais tempo viajou por terras brasileiras: 18 anos. Durante esse período, organizou uma impressionante coleção com mais de 50 mil itens, entre peças de arte plumária e objetos de diferentes etnias indígenas; animais e minerais. Atualmente, é o maior acervo etnográfico sobre povos indígenas do Brasil, preservado há 200 anos em dois museus de Viena: Museu de História Natural e Weltmuseum Wien.
Nesta edição do Mosaico, Renato Barbieri destaca o lado humano desse personagem praticamente ignorado pelos livros de história. "Com o passar dos anos, sua escrita se tornou mais reflexiva e menos técnica, seu campo sensível começou a aflorar, superando, em parte, pensamentos supremacistas eurocêntricos", afirma. O filme faz uma ponte temporal de dois séculos entre o Brasil Império e o de hoje, com a participação do biógrafo de Natterer, Kurt Schmuttzer, e do líder indígena paraense Hans Munduruku. "Tesouro Natterer" aborda também a hipótese de repatriação de parte das mais de 2,3 mil peças etnográficas pertencentes a 68 povos originários do Brasil.
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